Há tempos li um
artigo que condenava o mito do Saci “lobatiano” por ser esse fruto do racismo.
Não entendi. Afinal, até que se prove o contrário, Monteiro Lobato não criou o
mito do Saci (aliás, se ele o tivesse criado, este não seria, a rigor, um mito)
e nem lhe deu uma forma específica. Talvez com a Cuca, a qual ele deu feições
de réptil. Mas o Saci como moleque negro, de uma perna só e barrete vermelho na
cabeça, já fazia parte do imaginário popular no ano de 1917, quando Monteiro
Lobato resolve abrir um “inquérito” sobre essa figura mitológica.
Existem sim
algumas variantes apresentadas no próprio livro. Há quem o tenha visto com um pé
de cabra. Outro que lhe tenha metido um par de chifres na testa (como se a
carapuça não fosse o suficiente para enfeitar-lhe a cabeça); outro que o colocou
com duas pernas, sendo manco de uma delas. Isso tudo, no entanto, só demonstra
uma verdade: o Saci é um mito em eterna construção. Já é quase consenso que
surgiu como um mito indígena. O escritor Olívio Jekupé defende incessantemente
essa tese, mostrando que o mito era um índio protetor da floresta e dos
animais, chamado Kamba’i ou Jaxi Jatere. Tal fato já era aceito – ou ao menos
suspeitado – já no século XIX. O pesquisador Adelino Brandão cita o testemunho
de Couto de Magalhães, o qual registrou que o saci era “um pequeno tapuio,
manco de um pé, com um barrete vermelho e uma ferida em cada joelho”.[1] No
próprio “Inquérito” aberto por Lobato, aparece como origem do mito que este “vem
do autochtone que lhe deu o nome actual, corruptela de ‘çaa cy perereg’”.[2] Adelino
Brandão acrescenta ainda que “o saci nativo [dos índios] era uma ave,
companheira do Caipora, tinha o corpo de pássaro e uma perna só”.[3] Do
tapuia de duas pernas ao caboclinho e deste para o negro unípede, o processo de
transformação visual foi resultante da reelaboração e recriação do mito, aliás,
uma dinâmica constante e esperada em toda criação mitológica.
Desse modo,
dentro de um processo natural, o mito sofre influências das outras culturas com
as quais vai tendo contato. Outra vez recorrendo ao Inquérito do Monteiro
Lobato, este diz que, com certa ironia, que o Saci “acabará ainda soffrendo a
influencia do italiano”.[4] E o
pesquisador José Carlos Rossato ensina que “é muito maior do que se pensa a
influência lusitana do nosso Saci”,[5]
recorrendo às histórias portuguesas do “Fradinho da Mão Furada” para
relacioná-lo à construção imagética do Saci brasileiro. Aliás, brasileiro
mesmo, pois o próprio Rossato explica que “Ele [o Saci] não é privilégio
brasileiro. Outros países também conhecem o Saci”.[6] E
acrescente-se ainda o que diz Brandão a esse respeito: “Não é mito
exclusivamente brasileiro. Também faz parte das tradições argentinas, do
Uruguai, do Paraguai e, praticamente, de todos os folclores sul-americanos”.[7]
Certo é que
Monteiro Lobato ajudou a difundir a imagem do Saci dentro das características
gerais que já compunham o mito nos idos de 1917, data do seu “Inquérito”. A
variação de aspectos secundários é comum em todos os outros mitos. Não há
sequer uma história de assombração ou de seres fantásticos que não sofra
variações. No entanto, parece que é exatamente nesses aspectos secundários que
se escoram aqueles que defendem ser o Saci um mito racista. O Saci aparece com
chifres na cabeça e um porrete na mão, na ilustração da capa do livro “Sacy-Perêrê
– Resultado de um Inquérito”. Pois então alguém já supôs que isso fosse a demonização
do mito e, pior, que o intuito do Lobato era exatamente promover a desqualificação
do negro associando-o a um “demônio”. A imagem da capa é resultante de um dos
depoimentos dados no “Inquérito”, o qual apresentou o Saci com chifres.
Associação com o demônio cristão? Pode ser. Mas não foi o Saci de chifres que
Monteiro Lobato difundiu e usou em suas obras, especialmente as infantis. O
Saci do Sítio do Picapau Amarelo não possuía chifres. Mas está na capa do
livro... Sim, está. E os chifres estão, ainda, na cabeça de imagens de Exu.
Seria este um orixá racista por portar chifres?
Aliás, há muito
mais relações entre a imagem atual do Saci com a mitologia africana. Um exemplo
disso é o auxiliar do orixá Ossain ou Ossaim, chamado Aroni. Este, para quem
ainda não conhece, é “um misterioso
anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê),
possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha
pequena e a outra grande (ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido
com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna”.[8] O
pesquisador Ademir Barros dos Santos já havia alertado para tal semelhança.
E como fica agora? Aroni, por ser responsável “por causar
o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão”[9],
anão perneta, com olhos e orelhas irregulares (uma maior do que a outra),
também é um ser que possa ser associado ao demônio e, por isso, e pelo fato de
ser negro africano, é um mito racista? Se não, por que o Saci o é? Simplesmente
porque Monteiro Lobato ajudou a divulgar o mito? É somente por isso, ou seja,
pela origem? Se vem de Lobato, só pode ser racista? É fato que Monteiro Lobato
defendia a eugenia. E, caso não saibam, a ciência da época dele também. Ele
estava em sintonia com o que havia de mais avançado no pensamento da época.
Anacronismo sem sentido julgar um pensamento do passado com parâmetros do
presente.
É possível que alguns ficassem espantados em saber
que Monteiro Lobato, em relação ao Saci, disse, pela boca do Tio Barnabé, que “O
Saci não faz maldade grande, mas não há maldade pequenina que não faça”.[10]
Maldade pequena, ou seja, traquinagem. E traquinagens é com ele mesmo. O
folclorista e escritor Waldemar Iglésias Fernandes recolheu uma história em
Sorocaba na qual “o Saci apareceu numa casa e ‘garrou a fazer estrepolias,
correndo dentro da casa e dando aqueles assobios de deixar todo mundo louco!”.[11]
Para o renomado folclorista Alceu Maynard Araújo, o Saci “não é maldoso, porém
brincalhão como toda criança é”.[12]
Para muitos, o Saci é uma espécie de “Gnomo” – esse, europeu – que é “bastante
brincalhão e adora pregar peças nos homens”.[13]
Em outras versões, o Saci ganhou a sua carapuça de
Deus para que pudesse “tornar-se invisível aos olhos do Diabo”.[14]
Portanto, a associação do Saci com o demônio não é unânime e é tão sem sentido
quanto associar o orixá Exu ou mesmo o ajudante de Ossaim, Aroni, com o diabo
cristão. Dessa forma, se há quem associe o Saci ao diabo, também há quem o faça
com os orixás (se não com todos, com alguns pelo menos). Isso não torna os
orixás uma crença ou mito racista. Também não deve, por analogia, transformar o
Saci numa representação similar.
É possível mesmo que os negros tenham dado a forma
final no aspecto visual do Saci como hoje o conhecemos. Essa é a opinião de
muitos pesquisadores. Adelino Brandão, por exemplo, salienta que “é a figura do
moleque sob a qual aparece o Saci
atual. A influência africana aí nos parece fora de discussão”.[15]
Monteiro Lobato também é da opinião de que o mito “soffreu o influxo africano,
passando de caboclinho a molecote”.[16] E
Pierre de Oliveira concebe que “o saci por exemplo é um Gnomo que veio junto
com os negros da África”.[17]
Coincidentemente –
ou nem tanto – o mito como o conhecemos hoje tem sua gênese exatamente no auge
da escravidão no Brasil, do século XVIII ao XIX.[18] O
jornalista Mouzar Benedito vê nessa caracterização do Saci uma estratégia de
sobrevivência dentro das relações escravocratas. Assim, tudo o que ocorria fora
da conformidade do senhor, era atribuído ao Saci e, dessa forma, segundo o
jornalista, os negros escravizados escapavam muitas vezes dos castigos. Nas
próprias palavras de Mouzar Benedito, “Era algo muito esperto da parte delas
porque, por exemplo, elas sabiam que se errassem a mão em uma comida, seriam
castigadas porque o senhor de escravos não tinha nenhum pouco de bondade. Então
quando erravam no sal diziam ‘Ah, passou o Saci aqui e jogou sal na comida’. Em
uma revolta na senzala, o líder que a comandasse, quando era novamente dominado
respondia ao senhor que perguntava quem havia iniciado (caso se apresentasse, o
líder seria no mínimo, marcado a ferro) e ele dizia que foi o negrinho de uma
perna só que havia passado por lá”.[19]
Assim, o Saci foi
aliado dos negros durante a escravidão. Ouso dizer que mais do que aliado. Foi
a cristalização dos anseios dos escravizados em construir um mito heroico que
burlasse o sistema escravista sem que o senhor branco pudesse fazer nada em
relação a isso.
O Saci é todo
símbolo da liberdade. Cavalga os redemoinhos de vento – símbolo maior da
liberdade – controlando-os e indo de um lado para o outro sem que ninguém
consiga impedi-lo. O vento é incontrolável. Jesus disse: “O vento assopra onde
quer” (Jo 3.8). O Saci tem a liberdade da locomoção, mesmo sendo perneta. Aliás,
há quem diga que corre tão rápido que aparenta ser perneta, ainda que não seja.[20] “Corre
como um raio, aparece e desaparece, cresce e diminui”.[21] Carrega
na cabeça uma carapuça ou barrete que também é símbolo da liberdade. Adelino
Brandão, já citado largamente aqui, diz que “o barrete frígio, símbolo da
liberdade e dos ideais republicanos, costuma ser vermelho [como o do Saci]
também”.[22]
E continua, nos ensinando que “O barrete do Saci, por seu turno, ainda se
presta a outras considerações, além das vistas. Muitos séculos antes de Cristo,
nas saturnais romanas, encontramos o “pileus”
– carapuça de cor vermelha que simbolizava a liberdade. O pileus era também o emblema do escravo fôrro segundo os costumes da
antiguidade latina”.[23]
Não é à toa que
todas as histórias sobre Saci dizem que quem obtiver a carapuça dele será seu
senhor. Monteiro Lobato dizia, pela boca de Tio Barnabé, que “a força dele
[Saci] está na carapuça, como a força de Sansão estava nos cabelos. Quem
consegue tomar e esconder a carapuça de um saci, fica por toda a vida senhor de
um pequeno escravo”.[24] Pudera,
pois a carapuça é o que simboliza a sua liberdade! Por isso, “embora negro, o
Saci, pelo barrete vermelho que ostenta, é livre. Por isso se vinga igualmente
dos brancos, enfernizando-lhes a vida”.[25]
E é, certamente,
o único negro que durante a escravidão podia azucrinar – ou infernizar, como
disse o Adelino Brandão – a vida do branco sem que houvesse consequências disso
para ele. Ninguém podia açoitar o Saci ou amarrá-lo a um tronco. O máximo que
poderia ser feito contra ele era capturá-lo num redemoinho de vento e engarrafa-lo.
Mesmo assim, deveria tirar-lhe a carapuça. Caso contrário... “perturba a vida
doméstica, apagando o fogo e queimando os alimentos. Espanta também os animais.
Assusta os viajantes, pedindo fumo”[26]; e não
contente, sai “assaltando o viandante retardatário, nas noites aziagas das
sextas-feiras”.[27]
Por fim, salta “na garupa dos cavalos dos viajantes”.[28]
Para completar o
quadro, o Saci usa dos furos das suas mãos para fraudar a crueldade do sistema
escravista. É comum os relatos de fazendeiros que obrigavam a seus escravos
carregarem brasas nas palmas das mãos com a finalidade de acender charutos ou
cigarros. Nerize Quevedo Portela descreve uma cena como essa: “E o Coronel
fumava seu charuto e a toda hora ele chamava uma escrava e dizia: ‒ Ô coisa preta – era como ele
chamava seus escravos. ‒
Traz brasa para acender meu charuto, anda rápido! Então o coitado do escravo ou
da escrava já tremia, porque sabia que tinha que trazer na palma da mão. Ele só
aceitava se fosse na palma da mão. Os coitados sofriam demais”.[29] Para
quem acredita que se trata apenas de uma obra de ficção, o relato Maria Arlete
Ferreira da Silva, inserido no RELATÓRIO
DO GRUPO DE TRABALHO CLÓVIS MOURA (2005-2010), não deixa dúvida na existência dessa prática
durante a escravidão: “a tia Salomé, foi escravizada e tinha as marcas no
corpo, a orelha rasgada, a mão queimada, pois era obrigada a levar a brasa na
mão para o seu senhor acender o cigarro de palha e muitas vezes ficava
segurando a brasa até que ele fizesse o cigarro para depois acendê-lo”.[30]
O Saci tinha seus furos nas mãos e com eles
satirizava a tentativa dos senhores brancos de impor a ele o mesmo castigo que
impunham aos seus escravos. “Se encontra ainda alguma brasa, malabarisa com ella
e ri-se perdidamente quando acontece cahir a brasa pelo furo das mãos”, informa
Monteiro Lobato.[31] O
mesmo Lobato acrescenta: “Tem as mãos furadinhas bem no centro da palma; quando
carrega brasa, vem brincando com ela, fazendo ela passar de uma para a outra
mão pelo furo”.[32] E
Adelino Brandão finaliza: “Graças a esta particularidade anatômica, diverte-se
assustando as pessoas que pernoitam no campo, à roda das fogueiras, retirando
as brasas que joga para cima fazendo-as passar pelo buraco da mão”.[33]
O Saci zombava da tentativa de impor a crueldade do
sistema escravista a um “moleque” brejeiro e matreiro. Matreiro que, como
ensina o lexicógrafo Cândido de Oliveira, significa astuto, manhoso, sagaz,
pessoa esperta.
Acresce-se ainda que a intenção explícita de Monteiro
Lobato quando criou o Inquérito do Saci foi o de valorizar a cultura brasileira
que estava perdendo espaço para a invasão cultural – na época – francesa. Todo
o livro vai para esse rumo. É sintomático que logo na abertura ele descreva o
caso de uma pessoa que estava indignada com os anões de jardins – gnomos europeus
– e propunha que se trocasse por sacis. Afirmou mesmo que sendo “filho da
imaginação collectiva o Sacy é uma resultante psychica do nosso povo” e que “é
estudando taes manifestações [da psíquica coletiva] que poderemos conhecer o
povo; que o conhecimento traz a comprehensão, e a comprehensão traz o amor”.[34]
O Inquérito sobre o Saci é, portanto, um libelo pela
cultura nacional, de construção coletiva. Não é uma obra de difusão do racismo
ou coisa que o valha. Assim como, em princípio, o mito do Saci também não é.
Carlos Carvalho Cavalheiro
04.01.2013.
[1]
BRANDÃO, Adelino. Euclides e o Folclore. Jundiaí
(SP): Literarte, 1985, p. 44.
[2]
LOBATO, Monteiro. Sacy-Perêrê – Resultado
de um Inquérito [edição fac-similar]. Rio de Janeiro: Gráfica JB S. A.,
1998, p. 20.
[3]
BRANDÃO, Op. Cit, 1985, p. 44.
[4]
LOBATO, Op. Cit, 1998, p. 20.
[5]
ROSSATO, José Carlos. Saci. São José
dos Campos (SP): Fundação Cultural Cassiano Ricardo, s/d, p. 18.
[6]
ROSSATO, Op. Cit, s/d, p. 15.
[7]
BRANDÃO, Op. Cit, 1985, p. 43.
[8]
Candomblé – O mundo dos orixás. Disponível em: http://ocandomble.wordpress.com/os-orixas/ossaim/
Acesso em 04 jan 2013.
[9]
Idem acima.
[10]
LOBATO, Monteiro. O Saci. São Paulo:
Brasiliense, 1952, p. 185.
[11]
FERNANDES, Waldemar Iglésias. 52 estórias
populares (Sul de São Paulo e Sul de Minas). Piracicaba (SP): Editora
Franciscana, 1978, p. 93.
[12]
ARAÚJO, Alceu Maynard. Brasil –
Histórias, Costumes e Lendas. São Paulo: Editora Três, 2000.
[13]
OLIVEIRA, Pierre de. O Livro dos Gnomos. São
Paulo: PEN, 1992, pp. 15 – 16.
[14]
ROSSATO, Op. Cit, s/d, p. 25.
[15]
BRANDÃO, Adelino. Presença do Saci. In Revista
do Arquivo Municipal. São Paulo: Prefeitura Municipal de São Paulo, 1971,
p. 30.
[16]
LOBATO, Op. Cit, 1998, p. 20.
[17]
OLIVEIRA, Op. Cit, 1992, p. 15.
[18]
ROSSATO, Op. Cit, s/d.
[19]
Disponível em: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/entretenimento/2012/08/mouzar-benedito-e-ohi-lancam-mitologia-brasilica-em-sao-paulo
Acesso em 04 jan 2013.
[20]
SASS, Roselis Von. Revelações inéditas da
História do Brasil. São Paulo: Ordem do Graal na Terra, 1983, p. 65.
[21]
SANTOS, Theobaldo Miranda. Lendas e Mitos
do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1987, p. 119.
[22]
BRANDÃO, Op. Cit, 1971, p. 23.
[23]
Idem, p. 31.
[24]
LOBATO, Op. Cit, 1952, p. 185.
[25]
BRANDÃO, Op. Cit, 1971, p. 31.
[26]
ARAÚJO, Op. Cit, 2000.
[27]
CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São
Paulo: Nova Cultural, 2002, p. 90.
[28]
LOPES NETO, João Simões. Lendas do Sul.
Porto Alegre: Editora Globo, 1983, p. 110.
[29]
PORTELA, Nerize Quevedo. A velha da Gruta
e outras histórias. São Paulo: Biblioteca24 horas, 2011, p. 176.
[30]
Disponível em: http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/arquivos/File/relatoriofinal2005a2010.pdf
Acesso em 04 jan 2013.
[31]
LOBATO, Op. Cit, 1998, p. 73.
[32]
LOBATO, Op. Cit, 1952, p. 188.
[33]
BRANDÃO, Op. Cit, 1971, p. 20.
[34]
LOBATO, Op. Cit, 1998, pp. 20 – 21.