quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

110 anos de Sherlock Holmes



110 anos de Sherlock Holmes



(artigo publicado em 1997 no jornal “A Tribuna de Sorocaba”).
“Nenhum outro ano tornar-se-ia tão importante em minha vida como aquele 1887 em que encontrei pela primeira vez aquele que se tornaria o meu melhor amigo e com quem compartilharia das maiores aventuras contra os criminosos de então. Naquele momento, adquirimos o direito à vida eterna nas páginas literárias...”
Poderia ser mais ou menos assim a explicação por escrito do Dr. John H. Watson acerca do surgimento de um dos maiores personagens da ficção: o detetive Sherlock Holmes. De tão conhecida a sua figura, acabou por tornar-se o estereótipo do detetive particular (ou de consulta, como ele mesmo diria), com seu cachimbo, casaco, lupa e boné.
Há 110 anos, com a publicação de Um estudo em vermelho o escocês Sir Arthur Conan Doyle deu início a uma série literária composta de 56 contos e 4 novelas com as aventuras de Sherlock Holmes e Dr. John Watson. Trata-se de uma ficção tão bem elaborada que o próprio Holmes ganhou a sua “biografia”: Nasceu em 6 de janeiro de 1854. Estudou na Universidade de Cambridge. Foi sócio do Clube Diógenes, tocava violino com maestria e tinha seu consultório/residência na Baker Street, nº 221-B. Tantos detalhes criaram embaraços para Doyle que chegou a ser assediado por pessoas que imploravam para que ele apresentasse pessoalmente o grande detetive. Não criam tais pessoas que Holmes fosse apenas uma criação literária. De outra feita, Conan Doyle foi processado por leitores inconformados com a morte de Sherlock Holmes – e a conseqüente interrupção da série de livros – na aventura O problema final, na qual é narrada a luta corporal entre Holmes e o professor Moriarty nas cataratas de Reichenbach. Conan Doyle pretendia “assassinar” Holmes para poder se dedicar ao que ele chamava de “literatura séria”.
No entanto, foram exatamente os seus livros “pouco dignos” (usando a própria expressão de Doyle), com aventuras do detetive Holmes, que lhe renderam fama e estudos de leitores e associações como a Conan Doyle Literaty Society e a Sherlock Holmes Brasil.
Artigos foram escritos e publicados analisando aspectos diversos da literatura sherlockiana. Discutem-se datas, comparam-se fatos, focos narrativos (que em geral são na 3ª pessoas, eis que “escritos” por Watson...) entre outros. E suas histórias tão envolventes geram em todos os tempos legiões de pesquisadores sherlockianos.
Penso não ser de todo insensato arriscar o palpite de que Conan Doyle tenha criado Sherlock Holmes como forma de simbolizar sua própria vida naquele momento. Não é segredo que tenha criado Holmes em momento de certa frustração profissional, eis que não havia muitos pacientes em seu consultório de oftalmologia. Parece, então, que Watson representava o próprio Doyle naquele momento: um médico sem muita projeção profissional. Sherlock Holmes seria, então, o alter ego, o outro eu, o desejo de ser invencível, de ser excepcional. Ao mesmo tempo, não poderiam se dissociar a realidade e o desejo, assim como a amizade entre Holmes e Watson. Em verdade, até mesmo Sherlock Holmes aparece como um detetive iniciante em Um estudo em vermelho, o que se modifica radicalmente com a presença do Dr. Watson. Ambos necessitavam, um do outro. Eram complementares.
Seria essa hipótese pertinente? Quem saberá a verdade? Espero a resposta, no desfecho final, em que após a baforada do seu cachimbo o detetive dirá, palavras saindo de um sorriso: “Elementar, meu caro...”.

Carlos Carvalho Cavalheiro – 23.03.1997.

O site Buzzero está com um curso gratuito sobre Sherlock Holmes:
https://www.buzzero.com/cursos-online-de-ciencias-humanas/cursos-de-literatura/curso-online-sherlock-holmes---muito-mais-do-que-uma-ficcao_8225

Curso Grátis de Sherlock Holmes - Muito mais do que uma ficção com certificado

sábado, 24 de dezembro de 2011

Governos de esquerda, Governos de direita

Recebi este banner por e-mail. O leitor que faça o seu próprio juízo.

Sobre a carta bomba enviada por um suposto grupo anarquista

Saiu no "Mídia Independente" e em outros veículos de informação, inclusive da grande mídia:





http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/6261#comment-18658
Grupo anarquista italiano diz ter mandado carta-bomba a banqueiro alemão
Enviado a 10 Dez 2011, por agência de notícias anarquistas-ana




A Federação Anarquista Informal (FAI) assumiu a autoria do envio de uma carta-bomba ao executivo-chefe do Deutsche Bank, Josef Ackermann, disseram promotores alemães nesta quinta-feira (8 de dezembro).
O autor da carta, escrita em italiano e obtida pela polícia, fala em "três explosões contra bancos, banqueiros, carrapatos e sanguessugas", disse em comunicado o escritório da promotoria em Frankfurt. Com isso, assume que outras duas cartas-bomba foram enviadas, além da interceptada no quartel-general do Deutsche na quarta-feira. A carta-bomba, interceptada antes de chegar ao destinatário, não provocou danos ou vítimas.
A organização italiana FAI assumiu no passado a autoria por ataques contra alvos localizados do governo italiano, de acordo com o comunicado da promotoria.
Uma carta-bomba enviada ao executivo-chefe do Deutsche Bank, Josef Ackermann, estava "operacional" e poderia ter explodido, afirmou mais cedo a polícia alemã nesta quinta-feira, após o envelope ser interceptado.




Fonte: agências de notícias internacionais
agência de notícias anarquistas-ana
na verde colina
bem mais que o fruto me apraz
a flor pequenina
Antônio Gonçalves Hudson






Outras fontes:
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/anarquistas-assumem-carta-bomba-na-italia-dizem-fontes-20111209.html
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,anarquistas-da-italia-enviaram-carta-bomba-ao-deutsche,808383,0.htm







Meu posicionamento (supondo a veracidade dos fatos relatados):


Lamentável
Enviado por Carlos Carvalho Cavalheiro em Sáb, 24/12/2011 - 13:00
É lamentável que atentados terroristas ainda façam parte de atitudes de grupos que se autodenominam de anarquistas. Afinal, se a eliminação física das pessoas for considerada solução para alguma coisa, qual a diferença entre nós e os fascistas? A defesa é um direito inalienável. A resistência uma obrigação de caráter. O ataque covarde, sem chance de defesa, não passa de ato vil e reprovável. Deveríamos ter evoluído muito e percebermos que não é o ser humano o nosso inimigo - como pessoa física - mas sim a ideologia. E ideias se combatem com ideias. Se somos incompetentes para convencer os outros de nossas posições, como melhor forma de organização social, a culpa é nossa. Se apenas a violência for a nossa arma, se o ataque e a eliminação física de pessoas, se o terrorismo for a única resposta que podemos dar, então não somos distintos daqueles que ostentam suásticas, sigmas e outros símbolos nazifascistas. Precisamos ser diferentes, precisamos ser melhores do que isso. Precisamos reconhecer a ética universal como o paradigma a seguirmos. Entrar nesse jogo do terrorismo é seguir a lógica da ética do mercado que sempre terá a grande mídia em suas mãos para provar que somos piores do que essa estrutura burguesa e carcomida que aí está. Quem ganha com isso? O anarquismo não ganha nada, a não ser a antipatia de muitos. Além disso, repetimos o mesmo erro dos Luddistas que destruíam máquinas porque eram incapazes de perceberem que seus inimigos não eram outros se não o próprio sistema capitalista. E não se elimina um sistema como esse matando pessoas com cartas bombas. Pela vida, vida em liberdade, é o que devemos pugnar sempre. Não somos fascistas, não somos ditadores, não somos eliminadores da vida.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Blog do Povo Kiriri da Bahia



Recebi da amiga Edilene Batista Kiriri o e-mail abaixo, divulgando o Blog FCK - Feira de Cultura Kiriri. Vale a pena dar uma olhada. Bom Natal a todos, Carlos Carvalho Cavalheiro.


"Embora ainda não esta terminado, estou enviando para conhecimentos de todos o site blog KIRIRI bem como seu e-mail contatos .
Na oportunidade mostramos em fotos videos, documentos tudo sobre a feira e os KIRIRI.
Aguarde mais atualizações no referido site blog KIRIRI

http://fckfeiradecultura.blogspot.com/ (confira o link FCK FEIRA DE CULTURA LÁ TEM DETALHES DA FEIRA PANFLETOS CARTAZES ETC)

http://fckfeiradecultura.blogspot.com/search/label/FCK-FEIRA%20DE%20CULTURA%20KIRIRI

fckkiriri@gmail.com

saudações art's videos gilmar linhares"

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Igualdade Racial ou Equidade Étnica?

A discussão é interessante. Há tempos não me envolvia em tais polêmicas. Um pouco pela maturidade e o reconhecimento de que nem todas as batalhas valem a pena. No entanto, creio que essa discussão conceitual seja imprescindível.


Primeiro, porque ajusta e sincroniza os objetivos que temos - independentes da nossa cor de pele ou da nossa origem - na construção de uma sociedade realmente igualitária em direitos e oportunidades. Segundo, porque abre precedente para outras discussões e esclarece alguns fatos que, no meu entender, são equívocos do movimento chamado de "igualdade racial".


Vamos partir do conceito de "raça". A antropologia, assim como a biologia, desmente a existência de raça para seres humanos. O termo raça pressupõe características fixas e permanentes a grupos específicos. Daí se depreender que a existência de raça pressupõe a divisão entre "melhores" e "piores", entre "superiores" e "inferiores". No entanto, não se trata apenas do desejo de não querer dividir a sociedade de acordo com suas características biológicas entre superiores e inferiores. Não se trata de criar uma ficção para elaborar uma sociedade utópica.


A não existência de raça como conceito ajustável ao ser humano é confirmada pela ciência. De acordo com informações veiculadas pela Wikipedia, "A ciência já demonstrou através do Projeto Genoma que o conceito de raça não pode realmente ser utilizado por não existirem genes raciais na espécie humana".


Obviamente, há quem defenda que o termo raça para o ser humano não é utilizado como verdade científica, mas dentro de um contexto social de construção histórica. Sim, entendo. Mas qual a vantagem em se continuar utilizando o termo raça para seres humanos? O livro Orientações e Ações para a educação das relações étnico-raciais, publicado em 2006 pelo MEC e amplamente distribuído pelas escolas públicas, defende a manutenção do termo raça como forma de valorização das características e da história do negro. É mais ou menos como se dissesse: "Está bem, o opressor sempre disse que existia raça para os humanos. Aceitamos, mas queremos dizer que a nossa raça tem o seu valor". A mim isso soa como ridículo.


A construção social e histórica do conceito de raça para ser humano sempre levou em consideração as diferenças para a manutenção das desigualdades, servindo, por exemplo, como justificativa do europeu para a escravização do índio e do africano.


Portanto, o termo etnia - que poderíamos simplificar como as diferenças biológicas e culturais - ajusta-se mais ao ser humano do que o termo raça e presta um serviço mais adequado na construção de uma sociedade sem desigualdades de oportunidades e de direitos. Então, seguindo esse raciocício, não há que se falar em raça, mas sim em etnias.


Atente-se para o plural utilizado: etnias... Sim, pois, os povos africanos que para cá vieram são originários de diversas culturas. Por isso, também, não existiria uma "raça" negra. Isso é uma criação da própria escravidão, a qual não respeitou as diferenças dos povos escravizados. Por outro lado, a etnia reconhece as diferenças tanto biológicas como culturais. Daí os cultos de origem (ou matriz) africana serem diversos aqui no Brasil, dependendo da influência maior do povo que o constituiu ou recriou aqui nestas terras.


Aprofudando um pouco mais a discussão, vejo um pequeno desajuste no termo "igualdade", quando se pretende que todos tenham as mesmas oportunidades e direitos. Isso porque toda uma gama de legislação já prevê e reguarda essa igualdade. A nossa Constituição diz que "Todos somos iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza" (art 5º, caput), e que a República Federativa do Brasil se fundamenta na promoção do "bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação" (art. 3º, inc. IV), e que a prática de racismo é crime inafiançável e imprescritível (Art. 5º, inc. XLII). Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) garante a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (art. 3º, inc. I).


Poder-se-ia alegar que as leis brasileiras são letras mortas, algo que ninguém cumpre e nem leva à sério. Isso seria o mesmo que alegar a falência das instituições e do Estado democrático de direitos. Então, a luta não seria pela "igualdade" racial, mas sim pela recuperação da moral e dos princípios.


Não sendo esse o caso - embora se admita que cultural e historicamente as legislações brasileiras são amplamente flexíveis de acordo com a situação - deve-se buscar o cumprimento dessas leis com justiça.


Ora, a igualdade já está prevista em lei. A discriminação - o racismo em si - é punido e combatido legalmente. O que falta para a efetivação da igualdade? Na minha modesta opinião, o que falta é a aplicação da lei com equidade. Por isso a sugestão que faço da substituição do termo "Igualdade" por "Equidade". Este último pressupõe que a regra será aplicada levando-se em consideração as diferenças e especificidades de cada caso. Assim, como um exemplo, a igualdade seria a aplicação de uma avaliação escrita, impressa da mesma forma, para todos, sem levar em consideração que alguns alunos são cegos (e, portanto, necessitam de provas em Braille), outros possuem visão subnormal, necessitando provas impressas em caracteres maiores etc. Garantiu-se a igualdade quando a avaliação escrita foi distribuída igualmente a todos. Mas houve justiça? Não. O aluno cego e o aluno com baixa visão, embora não tivessem sido barrados na avaliação, foram excluídos porque as suas diferenças não foram levadas em consideração. Equidade é igualdade com justiça, é levar em consideração as diferenças de cada um.


Talvez resida aí a celeuma que causa a aplicação de cotas nas universidades. Considero que as cotas não são a resolução única do problema, mas possuem a vantagem de iniciar o debate acerca da necessidade de ações reparadoras. No entanto, não posso admitir as justificativas preconceituosas e discriminatórias em relação às cotas. No início, até mesmo estudantes universitários discriminavam seus colegas cotistas, revelando o quão enraizado está o preconceito e o etnocentrismo nas nossas relações sociais. Tal histeria só possui um motivo: o desconhecimento da história - e da construção ideológica do "racismo" - no Brasil e o sentido de ação reparadora da lei de cotas. Assim, sob uma perspectiva de equidade, percebe-se com maior clareza o objetivo e a necessidade da implantação das cotas (mas, como já disse, isso não deve ser levado como resposta única para o problema da reparação).


Aproveito este espaço para falar, ainda, sobre a insistência de setores do movimento negro - especialmente aqueles que alardeiam a suposta "igualdade racial" - em falar na Lei 10639/03 quando esta, de fato, já foi alterada para a Lei 11645/08. É falta de conhecimento, para falar o mínimo - insistir numa lei que já foi alterada somente porque a anterior fala da cultura e história afrobrasileira e a posterior, a que está em vigor, acrescenta o índio. Bom, se estamos lutando pela "igualdade racial", por que não incluir o índio? Ignorar que a Lei já foi alterada demonstra apenas obstinação e ignorância (mas, por um princípio jurídico, ninguém pode alegar ignorância da Lei).


Basta ler o enunciado, o caput da Lei 11645/08 para verificar que esta ALTERA a anterior, a Lei 10639/03. É como se eu buscasse na Constituição de 1891 um direito ali exposto... Ora, depois dessa, outras tantas constituições brasileiras foram promulgadas e outorgadas. A atual é de 1988... É essa que devo usar como parâmetro para a busca dos meus direitos.


Insistir no vigor da Lei 10639/03, que já não existe mais, é prestar um desserviço à informação, à ampliação da luta pelo direito e oportunidade de todos - sem distinção - e, sobretudo, à organização de um país sob bases mais justas.


É, também, dar razão áqueles que não somos "racistas" ou preconceituosos e que isso é conversa de quem quer dividir o país entre negros e não-negros, ou seja, instituir de fato o "racismo" no Brasil. Ali Kamel defende que o movimento negro, de forma generalizada, está criando as bases para o entendimento de um país bipolarizado nesse sentido. Com tristeza fui testemunha de militantes "afrodescendentes" (como preferiram ser chamados) num debate em Porto Feliz se autodeclarando como "racistas". Quem ganha o quê com esse discurso?


Finalizando, quero concluir que na minha opinião o conceito que melhor se ajusta é o da Equidade Étnica, o qual, penso, deveria substituir o da Igualdade Racial.

É Natal!




A dica é do amigo Alexandre Fávero, da Cia Teatro Lumbra e Clube da Sombra LTDA.



Temporada Natal dos Sonhos - Canela/RS

Dezembro dias 09, 11, 16, 17, 23 e 24 sempre às 21h na Praça Espetáculo gratuito para toda a família.
Com belas imagens e emocionante trilha sonora, o público viaja dois mil anos no tempo para presenciar o nascimento do menino Jesus. Por meio das anunciações do Anjo Gabriel o espetáculo narra de forma envolvente a trajetória de Maria e José até a cidade de Belém. Surge a estrela que guia os magos do Oriente com os presentes. Uma grande luz ilumina a todos que presenciaram o nascimento do mensageiro da Paz.O teatro de sombras surgiu sem local ou data precisa e foi difundido principalmente na China, Índia, Turquia, Bali e Java a partir do século XII. Geralmente, seu uso era relacionado ao sagrado, sendo encenado por sacerdotes treinados para invocar as divindades populares destes países orientais. As encenações eram muito apreciadas pelos sultões e pela população. Também alguns padres católicos utilizaram as sombras para a educação religiosa no ocidente no século XVII, criando textos e encenações preciosas, principalmente na Itália. No Brasil, a Cia Teatro Lumbra se destaca há mais de dez anos, difundindo a arte das sombras.



Direção Alexandre Fávero

Produção Cia Teatro Lumbra e Clube da Sombra LTDA

Realização Fundação Cultural de Canela

Conheça o site: www.clubedasombra.com.br/auto_luminoso
Assista o videoclipe: http://www.youtube.com/watch?v=b7wBmXUnZLg

domingo, 27 de novembro de 2011

I Festival de Cultura Afro Brasileira de Capivari - 27 de novembro de 2011



Hoje, dia 27 de Novembro de 2011, em prosseguimento à programação do "I Festival de Cultura Afro-Brasileira de Capivari", ocorreu a Roda de conversas com o tema "Ancestralidade e Atualidade da Cultura Afro no Brasil". Além de mim, participaram da Roda de Conversas o africanista angolano Vitor Lutunguissa Nguiovani Mata e o advogado Luís Antonio Albieiro. Nessa oportunidade, expus um pouco sobre a história do Preto Pio, o qual liderou uma fuga de escravos de Capivari até o Quilombo do Jabaquara, no episódio que ficou conhecido como "Êxodo - ou Retirada - de Capivari", em outubro de 1887.


Preto Pio, figura emblemática, foi tema de um cordel de minha autoria, publicado em 2007 para comemorar os 120 anos desse episódio histórico. Aqui neste Blog fiz uma postagem sobre o assunto.


A satisfação está exatamente em saber que aquele simples cordel, feito com a intenção de divulgar a figura de Preto Pio na história de São Paulo (e, por que não, do Brasil?), está cumprindo a sua modéstia função.

Esteve presente também ao evento o cantor, compositor e documentarista Nelsinho Moralle, quilombola de São Roque / SP.


Abaixo, fotos do evento tiradas por Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro.
















sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Contra o Racismo, o Fascismo e todas as formas de preconceito

Recebi, de Júlio Cesar (Zorel) o seguinte e-mail hoje (25/11/2011):



Em uma sexta-feira, 4 de novembro de 2011, crianças da EMEI Guia Lopes, no Bairro do Limão, pintaram de todas as cores o muro que havia sido pixado semanas antes com uma frase de cunho racista e neonazista.
A manifestação, que aconteceu durante toda a manhã e parte da tarde, teve participação de crianças de outras escolas da região, professores, pais e mães, anarcopunks, grafiteiros e pessoas da comunidade.
O vídeo abaixo reúne imagens da manifestação e depoimentos de professoras, coordenação e diretoria da Escola, discutindo ainda um pouco sobre a proposta da escola para este ano, que tem como temática a cultura negra e africana.
Por um Mundo Onde Caibam Vários Mundos,
Contra o Fascismo e a Intolerância!
* * *
http://www.youtube.com/watch?v=IO5KS_nDOyE&feature=player_embedded

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

I Festival de Cultura Afro Brasileira de Capivari - 2011





Estarei presente a esse evento, no dia 27 de novembro, a partir das 10 horas da manhã, falando sobre a produção do meu cordel "A História do Preto Pio e a fuga de escravos de Capivari, Porto Feliz e Sorocaba".



Entrada Gratuita. Espero todos lá.



Local: Casa da Cultura de Capivari.
Informações: (19) 3491 1322.









Professor de História participa do I Festival de Cultura Afro-brasileira de Capivari
O professor Carlos Carvalho Cavalheiro, que leciona a matéria de História na EMEF. Coronel Esmédio, em Porto Feliz, participará no dia 27 (domingo) numa roda de conversas dentro do I Festival de Cultura Afro-Brasileira de Capivari.
Na oportunidade, Carlos Cavalheiro falará sobre o seu livro "A História do Preto Pio e a fuga de Escravos de Capivari, Porto Feliz e Sorocaba", cordel publicado em 2007 (em comemoração aos 120 anos da referida fuga).
Também chamado de Êxodo de Capivari, esse evento foi responsável por uma mudança nos rumos da escravidão no Brasil. O líder da fuga, Preto Pio, foi morto na Serra do Cubatão, bem próximo ao destino final de sua jornada: o Quilombo do Jabaquara. No entanto, antes de morrer, Preto Pio matou um soldado. Isso fez com que o exército se recusasse a caçar os escravos fugitivos, a partir de então.
A fuga também ajudou na precipitação da abolição sorocabana (dezembro de 1887) e na vinda de trabalhadores livres da Europa, como os belgas em Porto Feliz.
Carlos Carvalho Cavalheiro é autor de 14 livros, entre os quais "Salvadora!", "Folclore em Sorocaba", "Scenas da Escravidão", "Folia de Reis em Sorocaba", "Vadios e Imorais", entre outros. Esta última obra, "Vadios e Imorais", que trata da situação do negro no pós-abolição em Sorocaba e Médio Tietê, recebeu o Prêmio Anual de Literatura de Sorocaba, 2011, como melhor obra de História Social.
Apesar de lecionar em Porto Feliz, o autor reside em Sorocaba. Foi o idealizador da Enciclopedia Sorocabana (www.sorocaba.com.br/enciclopedia) e presta consultoria para a Educar Turismo Pedagógico (de Sorocaba), na realização de roteiros de city tour como o "África em nós" e "City tour pela História de Sorocaba".

Cinema e Anarquia



Professor de Sorocaba fará palestra em Santos sobre Pedagogia Libertária

O professor de História Júlio Cesar Bataiote (conhecido por Zorel) realizará no dia 10 de dezembro uma palestra com o tema "Pedagogia Libertária", em Santos.
O evento, que tem entrada franca, é organizado pelo Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri e pela Cinemateca de Santos.
Júlio Bataiote é formado em História pela Uniso e militante do movimento anarquista e anarcopunk. Tem realizado, em diversas oportunidades, palestras com temas ligados ao movimento libertário. A palestra em questão, que será realizada em Santos, foi proferida em Sorocaba durante a Semana de História da Uniso deste ano de 2011.
O evento tem entrada gratuita e será realizado na Cinemateca de Santos, na rua Ministro Xavier de Toledo, nº 42 - Bairro Campo Grande - Santos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Shirley King em Sorocaba




Segundo o material de divulgação do SESC, em agosto de 2011 foi a primeira vez que Shirley King, uma lenda do Blues estadunidense (filha do também lendário B. B. King), esteve no Brasil. Ela fez um Show no Teatro Municipal de Sorocaba, dentro da programação do SESC'n Blues. Dentro do espetáculo, a cantora executou músicas como Everyday I Had The Blues, Let The Good Times Roll e Rock Me Baby. Shirley King foi acompanhada do saxofonista Gerald Noel e pela Ivan Márcio Blues Band.

No camarim, Shirley atendeu aos fãs...

Foto: Juliana Saker

Mais fotos do Show do Tom Zé, em Votorantim

Mais fotos do Show. Com exceção da última foto (de autoria de Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro), todas as outras são de minha autoria. O show começou depois das 22 horas e se extendeu quase pela meia-noite. Tom Zé, muito simpático e solícito, cumprimentou depois o público, posou para fotos e deu autógrafos.







































































































Tom Zé no Cinefest Votorantim






Dia 19 de novembro de 2011. Ontem... Na 8ª edição do Cinefest de Votorantim, o show - imperdível - de Tom Zé. E seu grito contra a insanidade, a usura, o capitalismo, contra a guerra... foi ouvido em todas as estrelas e vaga agora por todo o universo, enquanto ele se expandir...


"Essa guerra sem-vergonha/ Na entranha/ Não estranha nada/ Meta sua grandeza/ no Banco da esquina / Vá tomar no verbo / seu filho da letra!".


Foto: Carlos Carvalho Cavalheiro.


Marcha para Zumbi, Sorocaba, 2011










Hoje é dia 20 de Novembro. Dia de Zumbi, Dia da Consciência Negra. Para nós, sorocabanos, é também Dia de todos aqueles que lutaram, não só para a valorização da História e da cultura dos negros, mas, sobretudo, para a existência de um mundo sem desigualdades. Portanto, este também é o dia de João de Camargo, de Salerno das Neves, de Vó Cida (Aparecida Pires do Amaral), de Mestre Lazinho, de Preto Pio. É o dia de todos nós, que irmanados nesse sentimento, damos continuidade e sentido para essa luta, no sonho de Martin Luther King, sintetizado na frase: "Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter".













Fotos: 1 e 2, Carlos Carvalho Cavalheiro. 3, Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro.













sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mulher sorocabana na História: a professora Francisca da Silveira Queiroz

Mulheres notáveis sempre permearam a História de Sorocaba. A começar de Isabel de Proença, segunda esposa do fundador Baltazar Fernandes, chamada por Aluísio de Almeida como “a primeira sorocabana”. Também, indiscutivelmente, foi notável a figura da Marquesa de Santos, que viveu por algum tempo entre os sorocabanos. Já no início do século XX, as operárias registravam sua presença na História, participando de greves e movimentos sociais, ou mesmo lecionando, tanto nas escolas regulares quanto nas chamadas “Escolas Modernas”, de cunho anarquista. Assim, como atesta o historiador Edgar Rodrigues, a militante anarquista Angelina Soares teria sido professora em Sorocaba numa dessas escolas modernas.
Ainda no século XX, o nome de Francisca da Silveira Queiroz merece destaque. Nascida em Sorocaba em 31 de janeiro de 1896, de família de poucos recursos, Francisca Queiroz diplomou-se professora na antiga Escola do Braz (São Paulo) graças ao auxílio de uma família sorocabana residente na capital paulista. No dia 08 de dezembro de 1921, em cerimônia realizada no Salão Germânia, em São Paulo, a senhorita Francisca da Silveira Queiroz diplomou-se professora. O jornal Cruzeiro do Sul noticiou o fato, informando que “a senhorinha Francisca da Silveira Queiroz se distinguiu sempre entre as demais alumnas por sua assiduidade, intelligencia e applicação”.
Como estudante, Francisca foi eleita presidente da República da Escola Normal, uma instituição criada com a finalidade de incentivar a participação cívica da mocidade estudantil. De volta a Sorocaba, foi professora adjunta no Grupo Escolar Antonio Padilha, em 1925. A partir de 1930, tornou-se professora de português no Ginásio Estadual de Sorocaba. Em 1931, fundou com outras sorocabanas, o Centro de Cultura Pedagógica.
Envolvida com os ideais da Revolução Constitucionalista de 1932, Francisca da Silveira Queiroz foi uma das sorocabanas voluntárias, auxiliando na confecção de fardas para os combatentes. De suas próprias expensas, publicou nessa época o livro Folhas Dispersas, uma reunião de crônicas e escritos, publicado exclusivamente para ter sua verba revertida em prol dos órfãos da Revolução Constitucionalista. Nessa época, a professora Francisca da Silveira Queiroz já colaborava com seus escritos em jornais da cidade, alguns desses textos assinados sob o pseudônimo de Flávia.
Na abertura de Folhas Dispersas há uma Exortação: “Mulher paulista! Faze reviver em ti, nesta hora anciosa da nacionalidade, a alma heróica de uma Rosa de Siqueira, de u’a Maria Betim Pais Leme, de u’a Margarida de Barros! A primeira combateu corsários denodadamente. A segunda iluminou o sonho de Fernão Dias. A última incitou o filho para a conquista da glória. Todas paulistas. Varonis. Heroicas. Filhas da terra bandeirante”.
Francisca da Silveira Queiroz carrega ainda em seu currículo a honra de ter sido a primeira mulher sorocabana a se candidatar a um cargo no Legislativo municipal. A bem da verdade, foi a primeira mulher a se candidatar a qualquer cargo eletivo. Eis que, somente em 1934 a mulher conquistou o direito de votar e ser eleita. A primeira eleição após a promulgação dessa lei foi em 1936, com as eleições municipais.
O Partido Constitucionalista, a partir de seu diretório municipal, achou por bem convidar a professora para compor a chapa de candidatos. Assim se expressou Francisca Queiroz ante o convite feito:

Simples espectadora do panorama político nacional, em que refulge a obra regeneradora e sadia do grande presidente de S. Paulo [Armando de Salles Oliveira] , jamais pensei intervir nos destinos de minha terra, a não ser pelo exercício do voto.
Eis porque me foi uma grande surpresa a escolha de meu nome para a chapa de vereadores ao executivo local. Teria eu o direito de excusar me a acceitar o convite que me era feito, ponderando a responsabilidade immensa que a honra envolvia? Não, que a homenagem não se conferia á minha pessoa mas á mulher sorocabana. Eu, no caso, não passava de um symbolo – pequenino demais – mas um symbolo dessa que a renovação política brasileira reverenciou e acolheu nas suas fileiras como uma collaboradora na solução dos altos problemas da pátria. E cônscia do meu papel, sem resquício de vaidade, annui ao convite do directorio peceista”.

A campanha de eleição de Francisca Queiroz foi bem recebida, tendo apoio do Comitê Feminino (então existente na cidade), e de setores do operariado, do movimento estudantil e de associações femininas. Mais de 20 (vinte) oradoras ocuparam o microfone da PRD 9 (a rádio da cidade), no programa “Hora Constitucionalista”, para homenagear e apoiar o nome de Francisca ao legislativo municipal. Maria José Vieira era a locutora do programa.
Mesmo com todo esse apoio, Francisca da Silveira Queiroz não conseguiu se eleger. Recebeu 127 votos, uma votação considerável para a época, mas insuficiente para alcançar o quociente eleitoral. Recebeu mais votos do que qualquer candidato da Chapa Integralista. Foi a 19ª candidata mais votada, numa eleição em que participaram 39 candidatos.
Logo veio o Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. O Legislativo municipal foi fechado. Os ares da democracia só iriam soprar no Brasil ao final da 2ª Guerra Mundial, em 1945. Somente em 1947 haveria nova eleição municipal com a participação das mulheres sorocabanas. Tarde demais para aquela que foi a primeira a se candidatar. Francisca da Silveira Queiroz faleceu em 22 de julho de 1941.

Carlos Carvalho Cavalheiro
26 de julho de 2011.

Fontes:
MELO, Luis Correia. Dicionário de autores paulistas. São Paulo: Comissão do IV Centenário da cidade de São Paulo, 1954.
QUEIROZ, Francisca da Silveira. Folhas Dispersas. Sorocaba: edição da autora, 1932.
JORNAL CRUZEIRO DO SUL: edições de 10 dez 1921; 10 mar 1936; 11 mar 1936 e 23 jul 1941.

sábado, 3 de setembro de 2011

Depois de muito tempo, Porto Feliz presenciou o Batuque de Umbigada




Merecem, com muita justiça, os nossos aplausos a iniciativa da Diretoria de Cultura e Esportes e a Casa da Cultura "Dona Narcisa Stettener Pires" em promover a 1ª Semana do Folclore de Porto Feliz. Sobretudo, por trazer à cidade - com isso quero dizer a "malha urbana" - duas das manifestações de seu folclore: a Dança de São Gonçalo (que foi apresentada, segundo a programação do evento, no dia 25) e o Batuque de Umbigada, no dia 27.
O primeiro, ainda existente em terras portofelicenses, está atualmente restrito à zona rural e em vias, infelizmente, de extinção. O segundo, já extinto por aqui, será apresentado pelo grupo de Capivari, Tietê e Piracicaba. É dele que vou discorrer.
A umbigada é uma espécie de "vênia" que faz parte de diversas danças pelo Brasil afora, todas de matriz africana. Há umbigada em côcos, em sambas, em jongos... O Batuque de Umbigada é uma das manifestações culturais características da região do nosso Médio Tietê (da qual Porto Feliz está inserida), assim como o desafio do Cururu e a Festa do Divino com o encontro de canoas.
Parece que entrou em decadência em Porto Feliz por conta da repressão, especialmente a partir da década de 1950. Com efeito, o Código Municipal de 1952 (Lei 315/52), num anacronismo sem precedentes para o século XX, proibia expressamente o ato de "promover batuques, congados e outros divertimentos congêneres na cidade, vilas e povoados, sem licença das autoridades".
Quando permitido, o batuque era costumeiramente realizado na rua da Laje. Disso há relatos e testemunhas. A professora Ana Cândida de Oliveira Diniz, por exemplo, se recorda dos batuques na sua infância. Uma quadrinha do batuque de sua lembrança: “A primeira umbigada / É a nega quem dá / Eu também sou da nega / Eu também quero dá”. O professor Claudio Sampaio Torres afirma que o Batuque da rua da Laje começava no sábado à noite e se estendia até o sol do domingo. José Aparecido Ferraz, conhecido como Zequinha Godêncio, dizia que havia umas mulheres “malvadas”, as quais na hora da umbigada enrijeciam o corpo para ver o homem cair ao chão. Disso se recorda, também, João Vieira da Cruz que mora na rua da Laje até hoje (atual rua Luiz Antonio de Carvalho Filho).
Aparentemente, a escolha do local para a realização dos antigos batuques de umbigada levava em conta alguns fatores. O primeiro poderia ser a afluência de negros na proximidade. O segundo, a própria topografia da rua que, mesmo localizada nas proximidades da área central, está em considerável desnível em relação ao antigo Largo da Penha, ficando desse modo “escondido” dos olhares vigilantes de antanho. O terceiro, o próprio desenho da rua que termina formando um “largo”, exatamente o local propício para a fogueira (necessária para que o couro dos tambus, instrumentos do batuque, possa tinir) e para a execução da dança em si.
Em fevereiro de 1953, durante os festejos em louvor a São Benedito, o batuque de umbigada ainda foi realizado na rua da Laje, sob a orientação de Antonio Vieira. Isso é o que registra a “Folha de Porto Feliz” da época. Nos mesmos festejos, houve cururu... Esse no largo de São Benedito.
No acervo do Museu Histórico há uma foto de um batuqueiro com o Tambu ou Chimbó, o instrumento principal dessa manifestação.


Carlos Carvalho Cavalheiro
22 de agosto de 2011.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O sol que não nasce para Aparecidinha


Há tempos questiono o descaso com que é tratado o importante núcleo histórico de Aparecidinha. É inconcebível o fato de Sorocaba possuir um distrito com tanto potencial turístico e não explorá-lo em benefício da própria população local que sobrevive à míngua com a falta de atenção do poder público. Um Núcleo Histórico que em questão de pouco tempo só será lembrado graças à placa que assim o qualifica, logo à entrada do bairro. Um cenário pitoresco que melhor seria aproveitado se a política de revitalização e “plantação” de grama se estendesse até lá, de joelhos para pagar promessas de campanha. Antes disso, o distrito da Aparecidinha recebe em seus arredores indústrias, penitenciárias, unidades da Febem... Na contramão da evolução do pensamento humano que prioriza agora a preservação ambiental e do patrimônio histórico, o que se vê naquele local é o abandono. O turismo religioso e rural, tão em voga e com todas as atenções a eles voltadas, incluindo a política desenvolvida pela Secretaria Estadual de Esportes e Turismo, à qual aparentemente, por analogia partidária, deveria se conduzir a nível municipal as ações voltadas para o desenvolvimento turístico; não recebe a atenção devida. Tal é o disparate que em publicações dessa mesma Secretaria, como é o caso do folheto “Guia do Roteiro da Fé”, a cidade de Sorocaba é excluída. Simplesmente não existe. Enquanto outras se aproveitam de eventos religiosos como Folias de Reis, Procissões, Festas de santos e padroeiros, etc... Sorocaba não aparece como cidade e sim como cabeça da região. Cidades como Mairinque, Tietê, Taguai, Laranjal Paulista, Angatuba, Barra do Chapéu, Pilar do Sul, São Roque... apresentam as suas festas religiosas como “cardápio” turístico. Sorocaba não apresenta nada, muito embora possua Folia de Reis, Festeiros do Divino, a afamada Festa de São Benedito (que atrai Irmandades de muitas outras localidades, incluindo da Capital), a concorrida visita ao túmulo de João de Camargo e da menina Julieta durante o dia de Finados, Encenação da Paixão de Cristo na Vila Assis e no Parque Vitória Régia, Benção das Rosas na Festa de Santa Rita de Cássia (Vila Santana), e várias romarias para Aparecidinha. Uma delas, é bom frisar, ocorre todo primeiro domingo de cada mês e o grupo de romeiros que realiza esse percurso representou Sorocaba o ano passado[i] no evento “Revelando São Paulo”, ocorrido em setembro no Parque da Água Branca, na Capital. Então, não é por desconhecimento que Sorocaba não desenvolve o seu turismo religioso. É por descaso, desprezo. Outras romarias importantes e de grande afluxo de pessoas ocorre em Aparecidinha: a romaria da Penitência (todo dia 15 de novembro) e as duas principais, quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida deixa seu santuário e permanece na Catedral Metropolitana por alguns meses e o retorno dessa mesma imagem. Localizada no Vale do Médio Tietê, a cidade de Sorocaba deveria liderar o turismo regional, produzindo o marketing turístico, “vendendo” os produtos do Vale. O cururu, por exemplo, é uma manifestação folclórica típica desta região. A devoção ao Divino Espírito Santo, suas festas, irmandades, folias, Pousos... é outra característica marcante no Vale do Médio Tietê. Sorocaba tem potencial e infra-estrutura para oferecer serviços e produtos voltados para a implementação desse turismo regional. E mais, Sorocaba pode tornar o distrito de Aparecidinha um pólo atrativo ao turismo. Como? O cenário, como já disse aqui, está praticamente pronto. O que falta é vontade política aliada a parcerias da iniciativa privada. Um exemplo prático: recuperar as fachadas dos prédios históricos daquela localidade e incentivar, com isenção de impostos ou outra alternativa similar, a mudança da fachada das construções modernas assemelhando-as com as do estilo colonial. Nessas últimas casas haveria placa indicativa de que se trata de uma réplica e não de uma construção original. A par disso, explorar o espaço da praça para a realização de eventos artísticos e culturais, como exposições de quadros, artesanatos, apresentações musicais, danças... A fórmula que deu certo em Embu. Depois, ou melhor, concomitantemente, a cessão de terrenos para a iniciativa privada que se interessasse em estabelecer empreendimentos como pousadas, restaurantes, lanchonetes... lembrando que a construção desses prédios deveria seguir o modelo colonial. O resto é pavimentação de paralelepípedos de granito nas ruas e limpeza de resíduos e entulhos (nada além das obrigações do Poder Público). Para incrementar o turismo de Aparecidinha seria de bom alvitre a criação de um Festival de Folclore, como muito sabiamente tem sido criado e apoiado em várias cidades como Batatais, Altinópolis, Aguaí, Olímpia e na Capital paulista, sob a égide de Toninho Macedo, homem de capacidade e sensibilidades ímpares, o Revelando São Paulo. Diversos grupos folclóricos da região sorocabana se apresentam nesses festivais. Por que não iriam comparecer no de Sorocaba? A título de curiosidade, o Festival de Folclore de Olímpia recebe em média o equivalente ao triplo da sua população e o Encontro de Folias de Reis de Altinópolis o dobro. Criou-se agora, aproveitando a febre dos caminhos santos, como sabiamente, outrossim, vem se aproveitando o Estado do Espírito Santo com o caminho “Os passos de Anchieta”; aos moldes do caminho de Santiago de Compostela (na Espanha), o “Caminho do Sol”. Partindo de Santana do Parnaíba o peregrino passará por Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Itu, Salto, Indaiatuba, Elias Fausto, Capivari, Rafard, Mombuca, Saltinho e Piracicaba, até atingir Águas de São Pedro. Reparem que Sorocaba não se incluiu na rota. O distrito de Aparecidinha, com todo o seu apelo religioso, com o peso de ser o segundo templo dedicado a Nossa Senhora Aparecida, com o fato de lá se dirigirem milhares de romeiros anualmente; não será visitado pelos caminheiros do “Caminho do Sol”. Interessante é o fato de o lendário Peabiru, o caminho do Sol, passar, em uma de suas rotas principais, por Sorocaba e por, hoje, Araçoiaba da Serra. Nesse novo caminho, nem Nossa Senhora Aparecida foi lembrada. Segundo os organizadores dessa peregrinação, o trajeto foi estudado e mapeado pelo engenheiro agrônomo saltense Sérgio Cieto, para proporcionar aos peregrinos oportunidade de meditação e devoção, que o desenvolveu tendo como objetivo a Capela de Santiago de Compostela, localizada no interior do Horto Florestal de Águas. A imagem – símbolo espiritual do roteiro - está sendo produzida na região da Galícia, na Espanha, e será entronizada no dia 25 de julho, dia dedicado ao santo. O primeiro grupo sairá de Santana do Parnaíba dia 15 de julho e durante aproximadamente dez dias percorrerá o roteiro até Águas de São Pedro. Carregando a imagem de Santiago de Compostela, esses peregrinos pretendem tornar o caminho uma versão paulista do famoso caminho espanhol. Como tudo é possível, esperamos que algum dia Sorocaba se inclua nesse roteiro. Oxalá que o Poder Público municipal, seus conselhos (de cultura, de turismo, de patrimônio histórico...) desperte da letargia e ofereça ao distrito de Aparecidinha a dignidade que ele merece e a oportunidade de se desenvolver e gerar renda (através da venda de produtos artesanais, de doces caseiros, da formação de guias turísticos e guias mirins, da venda de produtos com selos com a imagem de Nossa Senhora Aparecida...) para a esquecida população daquele distrito. E que o sol do caminho brilhe por lá também. CARLOS CARVALHO CAVALHEIRO 18.06.2002.

O sol que não nasce para Aparecidinha

Há tempos questiono o descaso com que é tratado o importante núcleo histórico de Aparecidinha. É inconcebível o fato de Sorocaba possuir um distrito com tanto potencial turístico e não explorá-lo em benefício da própria população local que sobrevive à míngua com a falta de atenção do poder público. Um Núcleo Histórico que em questão de pouco tempo só será lembrado graças à placa que assim o qualifica, logo à entrada do bairro. Um cenário pitoresco que melhor seria aproveitado se a política de revitalização e “plantação” de grama se estendesse até lá, de joelhos para pagar promessas de campanha. Antes disso, o distrito da Aparecidinha recebe em seus arredores indústrias, penitenciárias, unidades da Febem... Na contramão da evolução do pensamento humano que prioriza agora a preservação ambiental e do patrimônio histórico, o que se vê naquele local é o abandono. O turismo religioso e rural, tão em voga e com todas as atenções a eles voltadas, incluindo a política desenvolvida pela Secretaria Estadual de Esportes e Turismo, à qual aparentemente, por analogia partidária, deveria se conduzir a nível municipal as ações voltadas para o desenvolvimento turístico; não recebe a atenção devida. Tal é o disparate que em publicações dessa mesma Secretaria, como é o caso do folheto “Guia do Roteiro da Fé”, a cidade de Sorocaba é excluída. Simplesmente não existe. Enquanto outras se aproveitam de eventos religiosos como Folias de Reis, Procissões, Festas de santos e padroeiros, etc... Sorocaba não aparece como cidade e sim como cabeça da região. Cidades como Mairinque, Tietê, Taguai, Laranjal Paulista, Angatuba, Barra do Chapéu, Pilar do Sul, São Roque... apresentam as suas festas religiosas como “cardápio” turístico. Sorocaba não apresenta nada, muito embora possua Folia de Reis, Festeiros do Divino, a afamada Festa de São Benedito (que atrai Irmandades de muitas outras localidades, incluindo da Capital), a concorrida visita ao túmulo de João de Camargo e da menina Julieta durante o dia de Finados, Encenação da Paixão de Cristo na Vila Assis e no Parque Vitória Régia, Benção das Rosas na Festa de Santa Rita de Cássia (Vila Santana), e várias romarias para Aparecidinha. Uma delas, é bom frisar, ocorre todo primeiro domingo de cada mês e o grupo de romeiros que realiza esse percurso representou Sorocaba o ano passado[i] no evento “Revelando São Paulo”, ocorrido em setembro no Parque da Água Branca, na Capital. Então, não é por desconhecimento que Sorocaba não desenvolve o seu turismo religioso. É por descaso, desprezo. Outras romarias importantes e de grande afluxo de pessoas ocorre em Aparecidinha: a romaria da Penitência (todo dia 15 de novembro) e as duas principais, quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida deixa seu santuário e permanece na Catedral Metropolitana por alguns meses e o retorno dessa mesma imagem. Localizada no Vale do Médio Tietê, a cidade de Sorocaba deveria liderar o turismo regional, produzindo o marketing turístico, “vendendo” os produtos do Vale. O cururu, por exemplo, é uma manifestação folclórica típica desta região. A devoção ao Divino Espírito Santo, suas festas, irmandades, folias, Pousos... é outra característica marcante no Vale do Médio Tietê. Sorocaba tem potencial e infra-estrutura para oferecer serviços e produtos voltados para a implementação desse turismo regional. E mais, Sorocaba pode tornar o distrito de Aparecidinha um pólo atrativo ao turismo. Como? O cenário, como já disse aqui, está praticamente pronto. O que falta é vontade política aliada a parcerias da iniciativa privada. Um exemplo prático: recuperar as fachadas dos prédios históricos daquela localidade e incentivar, com isenção de impostos ou outra alternativa similar, a mudança da fachada das construções modernas assemelhando-as com as do estilo colonial. Nessas últimas casas haveria placa indicativa de que se trata de uma réplica e não de uma construção original. A par disso, explorar o espaço da praça para a realização de eventos artísticos e culturais, como exposições de quadros, artesanatos, apresentações musicais, danças... A fórmula que deu certo em Embu. Depois, ou melhor, concomitantemente, a cessão de terrenos para a iniciativa privada que se interessasse em estabelecer empreendimentos como pousadas, restaurantes, lanchonetes... lembrando que a construção desses prédios deveria seguir o modelo colonial. O resto é pavimentação de paralelepípedos de granito nas ruas e limpeza de resíduos e entulhos (nada além das obrigações do Poder Público). Para incrementar o turismo de Aparecidinha seria de bom alvitre a criação de um Festival de Folclore, como muito sabiamente tem sido criado e apoiado em várias cidades como Batatais, Altinópolis, Aguaí, Olímpia e na Capital paulista, sob a égide de Toninho Macedo, homem de capacidade e sensibilidades ímpares, o Revelando São Paulo. Diversos grupos folclóricos da região sorocabana se apresentam nesses festivais. Por que não iriam comparecer no de Sorocaba? A título de curiosidade, o Festival de Folclore de Olímpia recebe em média o equivalente ao triplo da sua população e o Encontro de Folias de Reis de Altinópolis o dobro. Criou-se agora, aproveitando a febre dos caminhos santos, como sabiamente, outrossim, vem se aproveitando o Estado do Espírito Santo com o caminho “Os passos de Anchieta”; aos moldes do caminho de Santiago de Compostela (na Espanha), o “Caminho do Sol”. Partindo de Santana do Parnaíba o peregrino passará por Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Itu, Salto, Indaiatuba, Elias Fausto, Capivari, Rafard, Mombuca, Saltinho e Piracicaba, até atingir Águas de São Pedro. Reparem que Sorocaba não se incluiu na rota. O distrito de Aparecidinha, com todo o seu apelo religioso, com o peso de ser o segundo templo dedicado a Nossa Senhora Aparecida, com o fato de lá se dirigirem milhares de romeiros anualmente; não será visitado pelos caminheiros do “Caminho do Sol”. Interessante é o fato de o lendário Peabiru, o caminho do Sol, passar, em uma de suas rotas principais, por Sorocaba e por, hoje, Araçoiaba da Serra. Nesse novo caminho, nem Nossa Senhora Aparecida foi lembrada. Segundo os organizadores dessa peregrinação, o trajeto foi estudado e mapeado pelo engenheiro agrônomo saltense Sérgio Cieto, para proporcionar aos peregrinos oportunidade de meditação e devoção, que o desenvolveu tendo como objetivo a Capela de Santiago de Compostela, localizada no interior do Horto Florestal de Águas. A imagem – símbolo espiritual do roteiro - está sendo produzida na região da Galícia, na Espanha, e será entronizada no dia 25 de julho, dia dedicado ao santo. O primeiro grupo sairá de Santana do Parnaíba dia 15 de julho e durante aproximadamente dez dias percorrerá o roteiro até Águas de São Pedro. Carregando a imagem de Santiago de Compostela, esses peregrinos pretendem tornar o caminho uma versão paulista do famoso caminho espanhol. Como tudo é possível, esperamos que algum dia Sorocaba se inclua nesse roteiro. Oxalá que o Poder Público municipal, seus conselhos (de cultura, de turismo, de patrimônio histórico...) desperte da letargia e ofereça ao distrito de Aparecidinha a dignidade que ele merece e a oportunidade de se desenvolver e gerar renda (através da venda de produtos artesanais, de doces caseiros, da formação de guias turísticos e guias mirins, da venda de produtos com selos com a imagem de Nossa Senhora Aparecida...) para a esquecida população daquele distrito. E que o sol do caminho brilhe por lá também. CARLOS CARVALHO CAVALHEIRO 18.06.2002.

terça-feira, 22 de março de 2011

VII CONCURSO DE POESIAS "LETRAS DO DIVINO", 2011

Recebi por e-mail e estou repassando aos interessados:
VII CONCURSO DE POESIAS

“LETRAS DO DIVINO” - 2011

REGULAMENTO

1. O VII Concurso de Poesias “LETRAS DO DIVINO”- 2011 é uma iniciativa da Associação Pró-Festa do Divino Espírito Santo de Itanhaém - APRODIVINO, com apoio da Academia Itanhaense de Letras – AIL, que tem como objetivo incentivar a produção literária sobre esse importante e tradicional acontecimento folclórico-religioso da cidade de Itanhaém-SP, que é a sua FESTA DO DIVINO ESPIRITO SANTO.



PARTICIPAÇÃO



2. Poderão participar do Concurso todos os interessados, moradores ou não da cidade de Itanhaém, com exceção dos membros da Academia Itanhaense de Letras e da Diretoria da Associação Pró-Festa do Divino Espírito Santo de Itanhaém.

3. O tema, desenvolvido em poesia, deverá estar ligado à FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO DE ITANHAÉM.

4. A participação será em uma só categoria e sem limites de idade.



INSCRIÇÕES


5. As inscrições são gratuitas e estarão abertas entre os dias 21 de março e 13 de maio de 2011. Os trabalhos deverão ser encaminhados para a Secretaria Paroquial, na Praça Carlos Botelho, 115 - Centro - Itanhaém – CEP 11.740-000 - Telefone (13)3422-4029 (13)3422-4029 em horário comercial, pessoalmente ou por correspondência, nesse caso valendo a data de postagem.

6. O ato de participar, com o envio ou entrega de poesias, pressupõe ciência e concordância com este regulamento.

7. Cada participante poderá inscrever até três poesias, que deverão estar datilografadas ou digitadas, numa só face de um papel ofício, em três vias.

8. As obras deverão ser identificadas apenas com um pseudônimo. Elas deverão ser acondicionadas em um envelope grande, tendo dentro desse, outro envelope menor e lacrado, contendo dentro dele os dados do participante como: nome, endereço residencial, nome da escola (se estudante), profissão, pseudônimo adotado e o título das obras, bem como um número telefônico para contato. Por fora dos dois envelopes, deverá estar apenas o pseudônimo.

JULGAMENTO

9. A Comissão Julgadora será composta por membros da Academia Itanhaense de Letras - AIL, que terá toda liberdade para julgar e escolher os melhores trabalhos inscritos no Concurso.

10. As decisões da Comissão Julgadora serão soberanas e irrecorríveis.

PREMIAÇÃO

11. O resultado será divulgado, em cerimônia de premiação, no dia 10 de junho de 2011, às 20h30, na Igreja Matriz de Sant’Anna (Praça Narciso de Andrade – Itanhaém).

12. Serão premiados, com medalhas, os três primeiros colocados.

13. Todos os concorrentes inscritos, antecipadamente, autorizam a publicação de suas obras na forma de mensagens, folhetos, cartões, jornais, livros, camisetas, etc.

14. Os casos omissos serão definidos pelos organizadores.

ITANHAÉM, março de 2011.









segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Descaminho da Era Kadafi


(A bandeira monocromática verde do regime de Kadafi vem sendo substituída pela antiga bandeira da monarquia. Como se chegou a esse retrocesso?)

Por Carlos Carvalho Cavalheiro 22/02/2011 às 22:27



Há algum tempo não se ouvia falar em Muamar Kadafi, o coronel líbio que, aos 27 anos liderou uma revolução de caráter socialista-islâmico pondo fim ao reinado absolutista e corrupto do rei Idris I.


Desde 1951, Idris comandava o país que, a despeito de possuir petróleo, contava com uma população extremamente pobre e uma economia frágil. A renda per capita era estimada, naquela época, em 40 dólares. Liderando um grupo de soldados e oficiais rebeldes, em setembro de 1969, Kadafi liderou uma revolução que mudou os rumos do país e acabou com o reinado de 18 anos de Idris.


Na década de 1970, o mesmo Muamar Kadafi lança "O Livro Verde", no qual expõe suas ideias para a reconstrução de um país baseado em valores como a Democracia direta (sem representantes políticos), o socialismo islâmico e uma nova sociedade pautada pela organização tradicional.


Hoje vemos toda essa História entrando numa espiral de descaminho, se contradizendo e desmentindo sua própria consciência. O mesmo homem que disse: "Nada pode substituir o povo" e que "A democracia é o poder do povo pelo povo"; é o mesmo que autoriza e ordena ataques genocidas a esse mesmo povo quando este ousa exercer o que lhe é mais legítimo: o direito de escolher seu próprio destino!


O sonho da República Livre e soberana se desfaz com a triste realidade que se imprime nos jornais: centenas de pessoas estão sendo mortas na Líbia e já não há como distinguir o atual regime com aquele derrubado na década de 1950.


Através dos ideais da revolução líbia criou-se uma organização intitulada Mathaba, cujo um dos princípios é "prestar solidariedade aos povos que lutam pela sua emancipação".


É o caso de se perguntar: Não passou da hora da Mathaba ajudar a própria Líbia?


Como no livro "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, nos deparamos com a cena em que homens e porcos se juntam e o povo, que a tudo assiste, cria a consciência de que, assim juntos, não há como distingui-los.


22.02.2011.


Carlos Carvalho Cavalheiro


extraído de: http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2011/02/487222.shtml

Poessíntese

Hoje eu descobri o que é Poetrix (um terceto - estrofe de 3 versos - com total máximo de 30 sílabas poéticas). Se bem aprendi, é isso. Acaba lembrando o Hai-Cai, mas é diferente. Há um site do movimento Poetrix, bastante legal: http://www.movimentopoetrix.com/index.php
Arrisquei fazer algo:


Saloon

Dia Nublado...
Garganta e alma secas
No bar, não sei se tomo hai-cai ou poetrix?

28.02.2011


Por outro lado, pensei numa outra forma mais sintética de poesia: a de versos compostos apenas por monossílabos e/ou dissílabos... Os poessínteses... Maravilha que nasceu graças a longa fila de espera num Banco:

Poessínteses


ADILENE
Sei
que
te
amo
mais
do
que
sei
que
sou
o
que
sou.

28.02.2011

A LUA

Sim,
vou
até
o
fim
da
rua
ou
pra
Lua
que
nua
ri
de
mim.
Que
sou
e
amo
o
que
tem
em
si
a
Lua
de
boa
em
mim.
Pois
voa
à
toa
no
céu
tão
em
si,
mas

o
bem
que
faz
em
mim.

28.02.2011

ADILENE II

Pré...
Antes
de
ti
sou
eu

um
em
um
só,
por
não
ter
a
ti
e
ser
dois
em
um
só.

28.02.2011

SOLIDÃO

Sou
tão

que
não
sei
mais
quem
sou.

28.02.2011.


MISTÉRIO

Quem
viu
o
véu
da
Lua?
Quem

seu
ser
ter
o
que
é
o
céu?

mel
tal
como
o
fel?

28.02.2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

Por que sou professor?

Algumas pessoas me perguntam: Por que ser professor? Não é uma profissão valorizada (ao menos como deveria ser), nem prestigiada. Nem sempre as pessoas - pais, alunos, colegas... - entendem o seu trabalho e nem o valor de sua dedicação.
Então, por que ser professor? É que, às vezes, surpreendentemente, recebemos a informação de que alguém entendeu o seu trabalho... No dia 27 de dezembro, como presente de Natal (atrasado), recebi da minha aluna Kênia Machado, que se formou em 2010 no Ensino Fundamental, a mensagem que compartilho com vocês. Aí poderão saber porque eu sou professor.


Olá Professor Carlos!


Bom, eu infelizmente não pude te convidar para ser o nosso "paraninfo" na formatura, pois não dependia só de mim, sabe como é né... a sala inteira quem decide!
mas gostaria que soubesse que desde o começo do ano, eu já queria que fosse o senhor.
Pois acho que ninguém melhor para ser o paraninfo de uma sala do que um professor que esteve com a gente desde que entramos para o ginásio, que nos preparou para o vestibulinho, que apostou na gente na Olimpíada de História, que mesmo sabendo que era meio que injusta a olimpíada acreditou em nós!
Não sei se realmente era isso, mas eu via que o senhor gostava da gente, tanto que de uma certa forma conhecia as dificuldade e as facilidades de cada um, sabia até quais eram os grupinhos rsrs.
Olha, você sempre manteve a pose de "durão" com a gente, mas mesmo assim, sabíamos reconhecer a sua maneira de ensinar, eu pelo menos sempre admirei a sua postura! e que postura hein, Prof°.
Aprendi e tenho certeza que todos aprendemos o significado de ética e o que é ser uma pessoa ética, aprendemos que temos no mínimo o direito de vivermos em um ambiente limpo rsrs, aprendemos o que é APOGEU, enfim... foram tantas coisas!
Coisas que o senhor pode ter achado: "duvido que daqui a uma semana eles vão lembrar disso", não professor, levaremos para a vida toda cada palavra que procuramos no dicionário nas suas aulas (ou quase todas), a organização que era bem clara em tudo o que o você fazia!
Muito obrigada professor, por fazer de nós, pessoas de verdade! Obrigada por nos mostrar que temos direitos, por abrir nossos olhos diante da sociedade, por nos preparar para a vida!
Lembro perfeitamente de quando o senhor nos disse: Até aqui e vida é fácil pra vocês, mas a partir do ano que vem vocês vão até assustar, nada vai ser igual, vai ser tudo mais difícil!
É disso que precisamos, era isso que queríamos! e felizmente tivemos o senhor para nos orientar!
Com você enxerguei a sujeira que é a sociedade, e que se não lutar pelo que quero, vou apanhar muito, aprendi também que não posso me deixar abater com as dificuldades e os desafios da vida, pois Deus gosta de guerreiro, ele quer guerreiros, quer que sejamos persistentes e que lutemos pelos nossos objetivos!

Professor, tenho certeza que foi Deus quem te mandou para me dizer aquelas coisas naquele meu momento de fraqueza!

Bom, o que a gente quer dizer, a gente nunca diz realmente... mas eu acho que o principal escrevi aqui!

Muito obrigada professor, não sei você, mas eu te considero meu amigo!
Obrigada por cada conselho, por enxergar quando estava triste e tentar me animar, por fazer parte da nossa historia no Coronel, por ter sido paciente comigo!
enfim, acho que fazer pelo senhor o que você fez por mim não vai ser tão fácil, mas agora que eu já sei que você acredita em mim, eu vou vencer!

Toda a felicidade do mundo para o senhor, você merece,e pra sua esposa também... Um Feliz Natal atrasado e um Próspero ano Novo! Que em 2011 outros alunos tenham a mesma oportunidade que eu tive!

Um forte abraço Kenia!