quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

110 anos de Sherlock Holmes



110 anos de Sherlock Holmes



(artigo publicado em 1997 no jornal “A Tribuna de Sorocaba”).
“Nenhum outro ano tornar-se-ia tão importante em minha vida como aquele 1887 em que encontrei pela primeira vez aquele que se tornaria o meu melhor amigo e com quem compartilharia das maiores aventuras contra os criminosos de então. Naquele momento, adquirimos o direito à vida eterna nas páginas literárias...”
Poderia ser mais ou menos assim a explicação por escrito do Dr. John H. Watson acerca do surgimento de um dos maiores personagens da ficção: o detetive Sherlock Holmes. De tão conhecida a sua figura, acabou por tornar-se o estereótipo do detetive particular (ou de consulta, como ele mesmo diria), com seu cachimbo, casaco, lupa e boné.
Há 110 anos, com a publicação de Um estudo em vermelho o escocês Sir Arthur Conan Doyle deu início a uma série literária composta de 56 contos e 4 novelas com as aventuras de Sherlock Holmes e Dr. John Watson. Trata-se de uma ficção tão bem elaborada que o próprio Holmes ganhou a sua “biografia”: Nasceu em 6 de janeiro de 1854. Estudou na Universidade de Cambridge. Foi sócio do Clube Diógenes, tocava violino com maestria e tinha seu consultório/residência na Baker Street, nº 221-B. Tantos detalhes criaram embaraços para Doyle que chegou a ser assediado por pessoas que imploravam para que ele apresentasse pessoalmente o grande detetive. Não criam tais pessoas que Holmes fosse apenas uma criação literária. De outra feita, Conan Doyle foi processado por leitores inconformados com a morte de Sherlock Holmes – e a conseqüente interrupção da série de livros – na aventura O problema final, na qual é narrada a luta corporal entre Holmes e o professor Moriarty nas cataratas de Reichenbach. Conan Doyle pretendia “assassinar” Holmes para poder se dedicar ao que ele chamava de “literatura séria”.
No entanto, foram exatamente os seus livros “pouco dignos” (usando a própria expressão de Doyle), com aventuras do detetive Holmes, que lhe renderam fama e estudos de leitores e associações como a Conan Doyle Literaty Society e a Sherlock Holmes Brasil.
Artigos foram escritos e publicados analisando aspectos diversos da literatura sherlockiana. Discutem-se datas, comparam-se fatos, focos narrativos (que em geral são na 3ª pessoas, eis que “escritos” por Watson...) entre outros. E suas histórias tão envolventes geram em todos os tempos legiões de pesquisadores sherlockianos.
Penso não ser de todo insensato arriscar o palpite de que Conan Doyle tenha criado Sherlock Holmes como forma de simbolizar sua própria vida naquele momento. Não é segredo que tenha criado Holmes em momento de certa frustração profissional, eis que não havia muitos pacientes em seu consultório de oftalmologia. Parece, então, que Watson representava o próprio Doyle naquele momento: um médico sem muita projeção profissional. Sherlock Holmes seria, então, o alter ego, o outro eu, o desejo de ser invencível, de ser excepcional. Ao mesmo tempo, não poderiam se dissociar a realidade e o desejo, assim como a amizade entre Holmes e Watson. Em verdade, até mesmo Sherlock Holmes aparece como um detetive iniciante em Um estudo em vermelho, o que se modifica radicalmente com a presença do Dr. Watson. Ambos necessitavam, um do outro. Eram complementares.
Seria essa hipótese pertinente? Quem saberá a verdade? Espero a resposta, no desfecho final, em que após a baforada do seu cachimbo o detetive dirá, palavras saindo de um sorriso: “Elementar, meu caro...”.

Carlos Carvalho Cavalheiro – 23.03.1997.

O site Buzzero está com um curso gratuito sobre Sherlock Holmes:
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Curso Grátis de Sherlock Holmes - Muito mais do que uma ficção com certificado

sábado, 24 de dezembro de 2011

Governos de esquerda, Governos de direita

Recebi este banner por e-mail. O leitor que faça o seu próprio juízo.

Sobre a carta bomba enviada por um suposto grupo anarquista

Saiu no "Mídia Independente" e em outros veículos de informação, inclusive da grande mídia:





http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/6261#comment-18658
Grupo anarquista italiano diz ter mandado carta-bomba a banqueiro alemão
Enviado a 10 Dez 2011, por agência de notícias anarquistas-ana




A Federação Anarquista Informal (FAI) assumiu a autoria do envio de uma carta-bomba ao executivo-chefe do Deutsche Bank, Josef Ackermann, disseram promotores alemães nesta quinta-feira (8 de dezembro).
O autor da carta, escrita em italiano e obtida pela polícia, fala em "três explosões contra bancos, banqueiros, carrapatos e sanguessugas", disse em comunicado o escritório da promotoria em Frankfurt. Com isso, assume que outras duas cartas-bomba foram enviadas, além da interceptada no quartel-general do Deutsche na quarta-feira. A carta-bomba, interceptada antes de chegar ao destinatário, não provocou danos ou vítimas.
A organização italiana FAI assumiu no passado a autoria por ataques contra alvos localizados do governo italiano, de acordo com o comunicado da promotoria.
Uma carta-bomba enviada ao executivo-chefe do Deutsche Bank, Josef Ackermann, estava "operacional" e poderia ter explodido, afirmou mais cedo a polícia alemã nesta quinta-feira, após o envelope ser interceptado.




Fonte: agências de notícias internacionais
agência de notícias anarquistas-ana
na verde colina
bem mais que o fruto me apraz
a flor pequenina
Antônio Gonçalves Hudson






Outras fontes:
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/anarquistas-assumem-carta-bomba-na-italia-dizem-fontes-20111209.html
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,anarquistas-da-italia-enviaram-carta-bomba-ao-deutsche,808383,0.htm







Meu posicionamento (supondo a veracidade dos fatos relatados):


Lamentável
Enviado por Carlos Carvalho Cavalheiro em Sáb, 24/12/2011 - 13:00
É lamentável que atentados terroristas ainda façam parte de atitudes de grupos que se autodenominam de anarquistas. Afinal, se a eliminação física das pessoas for considerada solução para alguma coisa, qual a diferença entre nós e os fascistas? A defesa é um direito inalienável. A resistência uma obrigação de caráter. O ataque covarde, sem chance de defesa, não passa de ato vil e reprovável. Deveríamos ter evoluído muito e percebermos que não é o ser humano o nosso inimigo - como pessoa física - mas sim a ideologia. E ideias se combatem com ideias. Se somos incompetentes para convencer os outros de nossas posições, como melhor forma de organização social, a culpa é nossa. Se apenas a violência for a nossa arma, se o ataque e a eliminação física de pessoas, se o terrorismo for a única resposta que podemos dar, então não somos distintos daqueles que ostentam suásticas, sigmas e outros símbolos nazifascistas. Precisamos ser diferentes, precisamos ser melhores do que isso. Precisamos reconhecer a ética universal como o paradigma a seguirmos. Entrar nesse jogo do terrorismo é seguir a lógica da ética do mercado que sempre terá a grande mídia em suas mãos para provar que somos piores do que essa estrutura burguesa e carcomida que aí está. Quem ganha com isso? O anarquismo não ganha nada, a não ser a antipatia de muitos. Além disso, repetimos o mesmo erro dos Luddistas que destruíam máquinas porque eram incapazes de perceberem que seus inimigos não eram outros se não o próprio sistema capitalista. E não se elimina um sistema como esse matando pessoas com cartas bombas. Pela vida, vida em liberdade, é o que devemos pugnar sempre. Não somos fascistas, não somos ditadores, não somos eliminadores da vida.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Blog do Povo Kiriri da Bahia



Recebi da amiga Edilene Batista Kiriri o e-mail abaixo, divulgando o Blog FCK - Feira de Cultura Kiriri. Vale a pena dar uma olhada. Bom Natal a todos, Carlos Carvalho Cavalheiro.


"Embora ainda não esta terminado, estou enviando para conhecimentos de todos o site blog KIRIRI bem como seu e-mail contatos .
Na oportunidade mostramos em fotos videos, documentos tudo sobre a feira e os KIRIRI.
Aguarde mais atualizações no referido site blog KIRIRI

http://fckfeiradecultura.blogspot.com/ (confira o link FCK FEIRA DE CULTURA LÁ TEM DETALHES DA FEIRA PANFLETOS CARTAZES ETC)

http://fckfeiradecultura.blogspot.com/search/label/FCK-FEIRA%20DE%20CULTURA%20KIRIRI

fckkiriri@gmail.com

saudações art's videos gilmar linhares"

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Igualdade Racial ou Equidade Étnica?

A discussão é interessante. Há tempos não me envolvia em tais polêmicas. Um pouco pela maturidade e o reconhecimento de que nem todas as batalhas valem a pena. No entanto, creio que essa discussão conceitual seja imprescindível.


Primeiro, porque ajusta e sincroniza os objetivos que temos - independentes da nossa cor de pele ou da nossa origem - na construção de uma sociedade realmente igualitária em direitos e oportunidades. Segundo, porque abre precedente para outras discussões e esclarece alguns fatos que, no meu entender, são equívocos do movimento chamado de "igualdade racial".


Vamos partir do conceito de "raça". A antropologia, assim como a biologia, desmente a existência de raça para seres humanos. O termo raça pressupõe características fixas e permanentes a grupos específicos. Daí se depreender que a existência de raça pressupõe a divisão entre "melhores" e "piores", entre "superiores" e "inferiores". No entanto, não se trata apenas do desejo de não querer dividir a sociedade de acordo com suas características biológicas entre superiores e inferiores. Não se trata de criar uma ficção para elaborar uma sociedade utópica.


A não existência de raça como conceito ajustável ao ser humano é confirmada pela ciência. De acordo com informações veiculadas pela Wikipedia, "A ciência já demonstrou através do Projeto Genoma que o conceito de raça não pode realmente ser utilizado por não existirem genes raciais na espécie humana".


Obviamente, há quem defenda que o termo raça para o ser humano não é utilizado como verdade científica, mas dentro de um contexto social de construção histórica. Sim, entendo. Mas qual a vantagem em se continuar utilizando o termo raça para seres humanos? O livro Orientações e Ações para a educação das relações étnico-raciais, publicado em 2006 pelo MEC e amplamente distribuído pelas escolas públicas, defende a manutenção do termo raça como forma de valorização das características e da história do negro. É mais ou menos como se dissesse: "Está bem, o opressor sempre disse que existia raça para os humanos. Aceitamos, mas queremos dizer que a nossa raça tem o seu valor". A mim isso soa como ridículo.


A construção social e histórica do conceito de raça para ser humano sempre levou em consideração as diferenças para a manutenção das desigualdades, servindo, por exemplo, como justificativa do europeu para a escravização do índio e do africano.


Portanto, o termo etnia - que poderíamos simplificar como as diferenças biológicas e culturais - ajusta-se mais ao ser humano do que o termo raça e presta um serviço mais adequado na construção de uma sociedade sem desigualdades de oportunidades e de direitos. Então, seguindo esse raciocício, não há que se falar em raça, mas sim em etnias.


Atente-se para o plural utilizado: etnias... Sim, pois, os povos africanos que para cá vieram são originários de diversas culturas. Por isso, também, não existiria uma "raça" negra. Isso é uma criação da própria escravidão, a qual não respeitou as diferenças dos povos escravizados. Por outro lado, a etnia reconhece as diferenças tanto biológicas como culturais. Daí os cultos de origem (ou matriz) africana serem diversos aqui no Brasil, dependendo da influência maior do povo que o constituiu ou recriou aqui nestas terras.


Aprofudando um pouco mais a discussão, vejo um pequeno desajuste no termo "igualdade", quando se pretende que todos tenham as mesmas oportunidades e direitos. Isso porque toda uma gama de legislação já prevê e reguarda essa igualdade. A nossa Constituição diz que "Todos somos iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza" (art 5º, caput), e que a República Federativa do Brasil se fundamenta na promoção do "bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação" (art. 3º, inc. IV), e que a prática de racismo é crime inafiançável e imprescritível (Art. 5º, inc. XLII). Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) garante a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (art. 3º, inc. I).


Poder-se-ia alegar que as leis brasileiras são letras mortas, algo que ninguém cumpre e nem leva à sério. Isso seria o mesmo que alegar a falência das instituições e do Estado democrático de direitos. Então, a luta não seria pela "igualdade" racial, mas sim pela recuperação da moral e dos princípios.


Não sendo esse o caso - embora se admita que cultural e historicamente as legislações brasileiras são amplamente flexíveis de acordo com a situação - deve-se buscar o cumprimento dessas leis com justiça.


Ora, a igualdade já está prevista em lei. A discriminação - o racismo em si - é punido e combatido legalmente. O que falta para a efetivação da igualdade? Na minha modesta opinião, o que falta é a aplicação da lei com equidade. Por isso a sugestão que faço da substituição do termo "Igualdade" por "Equidade". Este último pressupõe que a regra será aplicada levando-se em consideração as diferenças e especificidades de cada caso. Assim, como um exemplo, a igualdade seria a aplicação de uma avaliação escrita, impressa da mesma forma, para todos, sem levar em consideração que alguns alunos são cegos (e, portanto, necessitam de provas em Braille), outros possuem visão subnormal, necessitando provas impressas em caracteres maiores etc. Garantiu-se a igualdade quando a avaliação escrita foi distribuída igualmente a todos. Mas houve justiça? Não. O aluno cego e o aluno com baixa visão, embora não tivessem sido barrados na avaliação, foram excluídos porque as suas diferenças não foram levadas em consideração. Equidade é igualdade com justiça, é levar em consideração as diferenças de cada um.


Talvez resida aí a celeuma que causa a aplicação de cotas nas universidades. Considero que as cotas não são a resolução única do problema, mas possuem a vantagem de iniciar o debate acerca da necessidade de ações reparadoras. No entanto, não posso admitir as justificativas preconceituosas e discriminatórias em relação às cotas. No início, até mesmo estudantes universitários discriminavam seus colegas cotistas, revelando o quão enraizado está o preconceito e o etnocentrismo nas nossas relações sociais. Tal histeria só possui um motivo: o desconhecimento da história - e da construção ideológica do "racismo" - no Brasil e o sentido de ação reparadora da lei de cotas. Assim, sob uma perspectiva de equidade, percebe-se com maior clareza o objetivo e a necessidade da implantação das cotas (mas, como já disse, isso não deve ser levado como resposta única para o problema da reparação).


Aproveito este espaço para falar, ainda, sobre a insistência de setores do movimento negro - especialmente aqueles que alardeiam a suposta "igualdade racial" - em falar na Lei 10639/03 quando esta, de fato, já foi alterada para a Lei 11645/08. É falta de conhecimento, para falar o mínimo - insistir numa lei que já foi alterada somente porque a anterior fala da cultura e história afrobrasileira e a posterior, a que está em vigor, acrescenta o índio. Bom, se estamos lutando pela "igualdade racial", por que não incluir o índio? Ignorar que a Lei já foi alterada demonstra apenas obstinação e ignorância (mas, por um princípio jurídico, ninguém pode alegar ignorância da Lei).


Basta ler o enunciado, o caput da Lei 11645/08 para verificar que esta ALTERA a anterior, a Lei 10639/03. É como se eu buscasse na Constituição de 1891 um direito ali exposto... Ora, depois dessa, outras tantas constituições brasileiras foram promulgadas e outorgadas. A atual é de 1988... É essa que devo usar como parâmetro para a busca dos meus direitos.


Insistir no vigor da Lei 10639/03, que já não existe mais, é prestar um desserviço à informação, à ampliação da luta pelo direito e oportunidade de todos - sem distinção - e, sobretudo, à organização de um país sob bases mais justas.


É, também, dar razão áqueles que não somos "racistas" ou preconceituosos e que isso é conversa de quem quer dividir o país entre negros e não-negros, ou seja, instituir de fato o "racismo" no Brasil. Ali Kamel defende que o movimento negro, de forma generalizada, está criando as bases para o entendimento de um país bipolarizado nesse sentido. Com tristeza fui testemunha de militantes "afrodescendentes" (como preferiram ser chamados) num debate em Porto Feliz se autodeclarando como "racistas". Quem ganha o quê com esse discurso?


Finalizando, quero concluir que na minha opinião o conceito que melhor se ajusta é o da Equidade Étnica, o qual, penso, deveria substituir o da Igualdade Racial.

É Natal!




A dica é do amigo Alexandre Fávero, da Cia Teatro Lumbra e Clube da Sombra LTDA.



Temporada Natal dos Sonhos - Canela/RS

Dezembro dias 09, 11, 16, 17, 23 e 24 sempre às 21h na Praça Espetáculo gratuito para toda a família.
Com belas imagens e emocionante trilha sonora, o público viaja dois mil anos no tempo para presenciar o nascimento do menino Jesus. Por meio das anunciações do Anjo Gabriel o espetáculo narra de forma envolvente a trajetória de Maria e José até a cidade de Belém. Surge a estrela que guia os magos do Oriente com os presentes. Uma grande luz ilumina a todos que presenciaram o nascimento do mensageiro da Paz.O teatro de sombras surgiu sem local ou data precisa e foi difundido principalmente na China, Índia, Turquia, Bali e Java a partir do século XII. Geralmente, seu uso era relacionado ao sagrado, sendo encenado por sacerdotes treinados para invocar as divindades populares destes países orientais. As encenações eram muito apreciadas pelos sultões e pela população. Também alguns padres católicos utilizaram as sombras para a educação religiosa no ocidente no século XVII, criando textos e encenações preciosas, principalmente na Itália. No Brasil, a Cia Teatro Lumbra se destaca há mais de dez anos, difundindo a arte das sombras.



Direção Alexandre Fávero

Produção Cia Teatro Lumbra e Clube da Sombra LTDA

Realização Fundação Cultural de Canela

Conheça o site: www.clubedasombra.com.br/auto_luminoso
Assista o videoclipe: http://www.youtube.com/watch?v=b7wBmXUnZLg