sábado, 16 de junho de 2012

O direito de julgar


O debate sobre o direito à diversidade sexual invade o nosso cotidiano como um tsunami que, dado à sua natureza incontrolável, alcança os mais recônditos lugares e ambientes.
De um lado, aqueles que defendem o direito a usufruir de sua sexualidade da forma que melhor lhe aprouver ou do modo que mais lhe dê prazer. Do outro, políticos e religiosos (às vezes exercendo esse duplo papel) condenam as práticas consideradas imorais e abomináveis segundo interpretações teológicas.
Não vou entrar no mérito da discussão se esta ou aquela prática é pecaminosa. Conheci um casal que já faz isso com muito mais propriedade do que eu teria condições de fazer neste momento. Trata-se do casal Anderson e Rozana Madalena "Anja Arcanja", que possuem diversos textos publicados em diferentes sites e blogs por aí afora. Ex-evangélica, ex-muita coisa, Anja agora se dedica a publicar artigos teológicos e, também, contos e poemas eróticos.
Dito isto, quero levar esse debate para outro rumo. O do direito que tem o cristão de julgar aos outros. Será que esse é o papel que Deus e o Senhor Jesus Cristo delegou aos seus seguidores? Temos - aqueles que se consideram cristãos - o direito de julgar o comportamento alheio?
Muitos dizem que esse policiamento é apenas a defesa da fé e da moral cristã. Entendo que dentro dos templos a ideologia e a doutrina devam ser ministradas. Crê quem quer. Aceita quem assim acha correto. Está dentro de uma denominação aquele que se coaduna com os seus princípios e regras.
Porém, penso, ninguém tem o direito de obrigar, quem quer que seja, a seguir os mesmos preceitos. A liberdade de escolha foi dada primeiro por Deus. Somos livres para escolher.
Isso me lembra a passagem em que Jesus não foi recebido num povoado samaritano e, por isso, os discípulos Tiago e João disseram: "Queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?". Ao que Jesus respondeu que veio para salvar os homens e não destruí-los (Lc. 9:51 - 56). Jesus deixou que os samaritanos daquele vilarejo escolhessem recebê-lo ou não. Jesus não os condenou e nem os julgou.
Ao contrário, Jesus sempre nos alertou que NÃO deveríamos julgar os nossos semelhantes. Jesus mesmo disse: "Se alguém ouve as minhas palavras e não lhes obedece, eu não o julgo. Pois não vim para julgar o mundo mas para salvá-lo" (Jo. 12:47). Quando a mulher adúltera estava prestes a ser apedrejada, Jesus disse: Tudo bem... podem condená-la... aqueles que NÃO têm nenhum pecado. Qual foi o resultado? A mulher não foi condenada porque TODOS nós somos pecadores e não temos o direito de julgar (Jo. 8:3 - 11). E ainda nos advertiu: "Não julgueis para não serdes julgados, pois com a medida que medis serão vós medidos" (Mt. 7:1).
Não importa se o comportamento do outro, aos nossos olhos, é equivocado e pecaminoso. O que importa é que todos temos a liberdade, dada por Deus, de seguirmos aquilo que quisermos - mesmo que a Palavra nos condene no fim (Jo. 12:48) - e nem mesmo temos o direito de julgar o outro.



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