domingo, 20 de novembro de 2011

Tom Zé no Cinefest Votorantim






Dia 19 de novembro de 2011. Ontem... Na 8ª edição do Cinefest de Votorantim, o show - imperdível - de Tom Zé. E seu grito contra a insanidade, a usura, o capitalismo, contra a guerra... foi ouvido em todas as estrelas e vaga agora por todo o universo, enquanto ele se expandir...


"Essa guerra sem-vergonha/ Na entranha/ Não estranha nada/ Meta sua grandeza/ no Banco da esquina / Vá tomar no verbo / seu filho da letra!".


Foto: Carlos Carvalho Cavalheiro.


Marcha para Zumbi, Sorocaba, 2011










Hoje é dia 20 de Novembro. Dia de Zumbi, Dia da Consciência Negra. Para nós, sorocabanos, é também Dia de todos aqueles que lutaram, não só para a valorização da História e da cultura dos negros, mas, sobretudo, para a existência de um mundo sem desigualdades. Portanto, este também é o dia de João de Camargo, de Salerno das Neves, de Vó Cida (Aparecida Pires do Amaral), de Mestre Lazinho, de Preto Pio. É o dia de todos nós, que irmanados nesse sentimento, damos continuidade e sentido para essa luta, no sonho de Martin Luther King, sintetizado na frase: "Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter".













Fotos: 1 e 2, Carlos Carvalho Cavalheiro. 3, Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro.













sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mulher sorocabana na História: a professora Francisca da Silveira Queiroz

Mulheres notáveis sempre permearam a História de Sorocaba. A começar de Isabel de Proença, segunda esposa do fundador Baltazar Fernandes, chamada por Aluísio de Almeida como “a primeira sorocabana”. Também, indiscutivelmente, foi notável a figura da Marquesa de Santos, que viveu por algum tempo entre os sorocabanos. Já no início do século XX, as operárias registravam sua presença na História, participando de greves e movimentos sociais, ou mesmo lecionando, tanto nas escolas regulares quanto nas chamadas “Escolas Modernas”, de cunho anarquista. Assim, como atesta o historiador Edgar Rodrigues, a militante anarquista Angelina Soares teria sido professora em Sorocaba numa dessas escolas modernas.
Ainda no século XX, o nome de Francisca da Silveira Queiroz merece destaque. Nascida em Sorocaba em 31 de janeiro de 1896, de família de poucos recursos, Francisca Queiroz diplomou-se professora na antiga Escola do Braz (São Paulo) graças ao auxílio de uma família sorocabana residente na capital paulista. No dia 08 de dezembro de 1921, em cerimônia realizada no Salão Germânia, em São Paulo, a senhorita Francisca da Silveira Queiroz diplomou-se professora. O jornal Cruzeiro do Sul noticiou o fato, informando que “a senhorinha Francisca da Silveira Queiroz se distinguiu sempre entre as demais alumnas por sua assiduidade, intelligencia e applicação”.
Como estudante, Francisca foi eleita presidente da República da Escola Normal, uma instituição criada com a finalidade de incentivar a participação cívica da mocidade estudantil. De volta a Sorocaba, foi professora adjunta no Grupo Escolar Antonio Padilha, em 1925. A partir de 1930, tornou-se professora de português no Ginásio Estadual de Sorocaba. Em 1931, fundou com outras sorocabanas, o Centro de Cultura Pedagógica.
Envolvida com os ideais da Revolução Constitucionalista de 1932, Francisca da Silveira Queiroz foi uma das sorocabanas voluntárias, auxiliando na confecção de fardas para os combatentes. De suas próprias expensas, publicou nessa época o livro Folhas Dispersas, uma reunião de crônicas e escritos, publicado exclusivamente para ter sua verba revertida em prol dos órfãos da Revolução Constitucionalista. Nessa época, a professora Francisca da Silveira Queiroz já colaborava com seus escritos em jornais da cidade, alguns desses textos assinados sob o pseudônimo de Flávia.
Na abertura de Folhas Dispersas há uma Exortação: “Mulher paulista! Faze reviver em ti, nesta hora anciosa da nacionalidade, a alma heróica de uma Rosa de Siqueira, de u’a Maria Betim Pais Leme, de u’a Margarida de Barros! A primeira combateu corsários denodadamente. A segunda iluminou o sonho de Fernão Dias. A última incitou o filho para a conquista da glória. Todas paulistas. Varonis. Heroicas. Filhas da terra bandeirante”.
Francisca da Silveira Queiroz carrega ainda em seu currículo a honra de ter sido a primeira mulher sorocabana a se candidatar a um cargo no Legislativo municipal. A bem da verdade, foi a primeira mulher a se candidatar a qualquer cargo eletivo. Eis que, somente em 1934 a mulher conquistou o direito de votar e ser eleita. A primeira eleição após a promulgação dessa lei foi em 1936, com as eleições municipais.
O Partido Constitucionalista, a partir de seu diretório municipal, achou por bem convidar a professora para compor a chapa de candidatos. Assim se expressou Francisca Queiroz ante o convite feito:

Simples espectadora do panorama político nacional, em que refulge a obra regeneradora e sadia do grande presidente de S. Paulo [Armando de Salles Oliveira] , jamais pensei intervir nos destinos de minha terra, a não ser pelo exercício do voto.
Eis porque me foi uma grande surpresa a escolha de meu nome para a chapa de vereadores ao executivo local. Teria eu o direito de excusar me a acceitar o convite que me era feito, ponderando a responsabilidade immensa que a honra envolvia? Não, que a homenagem não se conferia á minha pessoa mas á mulher sorocabana. Eu, no caso, não passava de um symbolo – pequenino demais – mas um symbolo dessa que a renovação política brasileira reverenciou e acolheu nas suas fileiras como uma collaboradora na solução dos altos problemas da pátria. E cônscia do meu papel, sem resquício de vaidade, annui ao convite do directorio peceista”.

A campanha de eleição de Francisca Queiroz foi bem recebida, tendo apoio do Comitê Feminino (então existente na cidade), e de setores do operariado, do movimento estudantil e de associações femininas. Mais de 20 (vinte) oradoras ocuparam o microfone da PRD 9 (a rádio da cidade), no programa “Hora Constitucionalista”, para homenagear e apoiar o nome de Francisca ao legislativo municipal. Maria José Vieira era a locutora do programa.
Mesmo com todo esse apoio, Francisca da Silveira Queiroz não conseguiu se eleger. Recebeu 127 votos, uma votação considerável para a época, mas insuficiente para alcançar o quociente eleitoral. Recebeu mais votos do que qualquer candidato da Chapa Integralista. Foi a 19ª candidata mais votada, numa eleição em que participaram 39 candidatos.
Logo veio o Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. O Legislativo municipal foi fechado. Os ares da democracia só iriam soprar no Brasil ao final da 2ª Guerra Mundial, em 1945. Somente em 1947 haveria nova eleição municipal com a participação das mulheres sorocabanas. Tarde demais para aquela que foi a primeira a se candidatar. Francisca da Silveira Queiroz faleceu em 22 de julho de 1941.

Carlos Carvalho Cavalheiro
26 de julho de 2011.

Fontes:
MELO, Luis Correia. Dicionário de autores paulistas. São Paulo: Comissão do IV Centenário da cidade de São Paulo, 1954.
QUEIROZ, Francisca da Silveira. Folhas Dispersas. Sorocaba: edição da autora, 1932.
JORNAL CRUZEIRO DO SUL: edições de 10 dez 1921; 10 mar 1936; 11 mar 1936 e 23 jul 1941.

sábado, 3 de setembro de 2011

Depois de muito tempo, Porto Feliz presenciou o Batuque de Umbigada




Merecem, com muita justiça, os nossos aplausos a iniciativa da Diretoria de Cultura e Esportes e a Casa da Cultura "Dona Narcisa Stettener Pires" em promover a 1ª Semana do Folclore de Porto Feliz. Sobretudo, por trazer à cidade - com isso quero dizer a "malha urbana" - duas das manifestações de seu folclore: a Dança de São Gonçalo (que foi apresentada, segundo a programação do evento, no dia 25) e o Batuque de Umbigada, no dia 27.
O primeiro, ainda existente em terras portofelicenses, está atualmente restrito à zona rural e em vias, infelizmente, de extinção. O segundo, já extinto por aqui, será apresentado pelo grupo de Capivari, Tietê e Piracicaba. É dele que vou discorrer.
A umbigada é uma espécie de "vênia" que faz parte de diversas danças pelo Brasil afora, todas de matriz africana. Há umbigada em côcos, em sambas, em jongos... O Batuque de Umbigada é uma das manifestações culturais características da região do nosso Médio Tietê (da qual Porto Feliz está inserida), assim como o desafio do Cururu e a Festa do Divino com o encontro de canoas.
Parece que entrou em decadência em Porto Feliz por conta da repressão, especialmente a partir da década de 1950. Com efeito, o Código Municipal de 1952 (Lei 315/52), num anacronismo sem precedentes para o século XX, proibia expressamente o ato de "promover batuques, congados e outros divertimentos congêneres na cidade, vilas e povoados, sem licença das autoridades".
Quando permitido, o batuque era costumeiramente realizado na rua da Laje. Disso há relatos e testemunhas. A professora Ana Cândida de Oliveira Diniz, por exemplo, se recorda dos batuques na sua infância. Uma quadrinha do batuque de sua lembrança: “A primeira umbigada / É a nega quem dá / Eu também sou da nega / Eu também quero dá”. O professor Claudio Sampaio Torres afirma que o Batuque da rua da Laje começava no sábado à noite e se estendia até o sol do domingo. José Aparecido Ferraz, conhecido como Zequinha Godêncio, dizia que havia umas mulheres “malvadas”, as quais na hora da umbigada enrijeciam o corpo para ver o homem cair ao chão. Disso se recorda, também, João Vieira da Cruz que mora na rua da Laje até hoje (atual rua Luiz Antonio de Carvalho Filho).
Aparentemente, a escolha do local para a realização dos antigos batuques de umbigada levava em conta alguns fatores. O primeiro poderia ser a afluência de negros na proximidade. O segundo, a própria topografia da rua que, mesmo localizada nas proximidades da área central, está em considerável desnível em relação ao antigo Largo da Penha, ficando desse modo “escondido” dos olhares vigilantes de antanho. O terceiro, o próprio desenho da rua que termina formando um “largo”, exatamente o local propício para a fogueira (necessária para que o couro dos tambus, instrumentos do batuque, possa tinir) e para a execução da dança em si.
Em fevereiro de 1953, durante os festejos em louvor a São Benedito, o batuque de umbigada ainda foi realizado na rua da Laje, sob a orientação de Antonio Vieira. Isso é o que registra a “Folha de Porto Feliz” da época. Nos mesmos festejos, houve cururu... Esse no largo de São Benedito.
No acervo do Museu Histórico há uma foto de um batuqueiro com o Tambu ou Chimbó, o instrumento principal dessa manifestação.


Carlos Carvalho Cavalheiro
22 de agosto de 2011.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O sol que não nasce para Aparecidinha


Há tempos questiono o descaso com que é tratado o importante núcleo histórico de Aparecidinha. É inconcebível o fato de Sorocaba possuir um distrito com tanto potencial turístico e não explorá-lo em benefício da própria população local que sobrevive à míngua com a falta de atenção do poder público. Um Núcleo Histórico que em questão de pouco tempo só será lembrado graças à placa que assim o qualifica, logo à entrada do bairro. Um cenário pitoresco que melhor seria aproveitado se a política de revitalização e “plantação” de grama se estendesse até lá, de joelhos para pagar promessas de campanha. Antes disso, o distrito da Aparecidinha recebe em seus arredores indústrias, penitenciárias, unidades da Febem... Na contramão da evolução do pensamento humano que prioriza agora a preservação ambiental e do patrimônio histórico, o que se vê naquele local é o abandono. O turismo religioso e rural, tão em voga e com todas as atenções a eles voltadas, incluindo a política desenvolvida pela Secretaria Estadual de Esportes e Turismo, à qual aparentemente, por analogia partidária, deveria se conduzir a nível municipal as ações voltadas para o desenvolvimento turístico; não recebe a atenção devida. Tal é o disparate que em publicações dessa mesma Secretaria, como é o caso do folheto “Guia do Roteiro da Fé”, a cidade de Sorocaba é excluída. Simplesmente não existe. Enquanto outras se aproveitam de eventos religiosos como Folias de Reis, Procissões, Festas de santos e padroeiros, etc... Sorocaba não aparece como cidade e sim como cabeça da região. Cidades como Mairinque, Tietê, Taguai, Laranjal Paulista, Angatuba, Barra do Chapéu, Pilar do Sul, São Roque... apresentam as suas festas religiosas como “cardápio” turístico. Sorocaba não apresenta nada, muito embora possua Folia de Reis, Festeiros do Divino, a afamada Festa de São Benedito (que atrai Irmandades de muitas outras localidades, incluindo da Capital), a concorrida visita ao túmulo de João de Camargo e da menina Julieta durante o dia de Finados, Encenação da Paixão de Cristo na Vila Assis e no Parque Vitória Régia, Benção das Rosas na Festa de Santa Rita de Cássia (Vila Santana), e várias romarias para Aparecidinha. Uma delas, é bom frisar, ocorre todo primeiro domingo de cada mês e o grupo de romeiros que realiza esse percurso representou Sorocaba o ano passado[i] no evento “Revelando São Paulo”, ocorrido em setembro no Parque da Água Branca, na Capital. Então, não é por desconhecimento que Sorocaba não desenvolve o seu turismo religioso. É por descaso, desprezo. Outras romarias importantes e de grande afluxo de pessoas ocorre em Aparecidinha: a romaria da Penitência (todo dia 15 de novembro) e as duas principais, quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida deixa seu santuário e permanece na Catedral Metropolitana por alguns meses e o retorno dessa mesma imagem. Localizada no Vale do Médio Tietê, a cidade de Sorocaba deveria liderar o turismo regional, produzindo o marketing turístico, “vendendo” os produtos do Vale. O cururu, por exemplo, é uma manifestação folclórica típica desta região. A devoção ao Divino Espírito Santo, suas festas, irmandades, folias, Pousos... é outra característica marcante no Vale do Médio Tietê. Sorocaba tem potencial e infra-estrutura para oferecer serviços e produtos voltados para a implementação desse turismo regional. E mais, Sorocaba pode tornar o distrito de Aparecidinha um pólo atrativo ao turismo. Como? O cenário, como já disse aqui, está praticamente pronto. O que falta é vontade política aliada a parcerias da iniciativa privada. Um exemplo prático: recuperar as fachadas dos prédios históricos daquela localidade e incentivar, com isenção de impostos ou outra alternativa similar, a mudança da fachada das construções modernas assemelhando-as com as do estilo colonial. Nessas últimas casas haveria placa indicativa de que se trata de uma réplica e não de uma construção original. A par disso, explorar o espaço da praça para a realização de eventos artísticos e culturais, como exposições de quadros, artesanatos, apresentações musicais, danças... A fórmula que deu certo em Embu. Depois, ou melhor, concomitantemente, a cessão de terrenos para a iniciativa privada que se interessasse em estabelecer empreendimentos como pousadas, restaurantes, lanchonetes... lembrando que a construção desses prédios deveria seguir o modelo colonial. O resto é pavimentação de paralelepípedos de granito nas ruas e limpeza de resíduos e entulhos (nada além das obrigações do Poder Público). Para incrementar o turismo de Aparecidinha seria de bom alvitre a criação de um Festival de Folclore, como muito sabiamente tem sido criado e apoiado em várias cidades como Batatais, Altinópolis, Aguaí, Olímpia e na Capital paulista, sob a égide de Toninho Macedo, homem de capacidade e sensibilidades ímpares, o Revelando São Paulo. Diversos grupos folclóricos da região sorocabana se apresentam nesses festivais. Por que não iriam comparecer no de Sorocaba? A título de curiosidade, o Festival de Folclore de Olímpia recebe em média o equivalente ao triplo da sua população e o Encontro de Folias de Reis de Altinópolis o dobro. Criou-se agora, aproveitando a febre dos caminhos santos, como sabiamente, outrossim, vem se aproveitando o Estado do Espírito Santo com o caminho “Os passos de Anchieta”; aos moldes do caminho de Santiago de Compostela (na Espanha), o “Caminho do Sol”. Partindo de Santana do Parnaíba o peregrino passará por Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Itu, Salto, Indaiatuba, Elias Fausto, Capivari, Rafard, Mombuca, Saltinho e Piracicaba, até atingir Águas de São Pedro. Reparem que Sorocaba não se incluiu na rota. O distrito de Aparecidinha, com todo o seu apelo religioso, com o peso de ser o segundo templo dedicado a Nossa Senhora Aparecida, com o fato de lá se dirigirem milhares de romeiros anualmente; não será visitado pelos caminheiros do “Caminho do Sol”. Interessante é o fato de o lendário Peabiru, o caminho do Sol, passar, em uma de suas rotas principais, por Sorocaba e por, hoje, Araçoiaba da Serra. Nesse novo caminho, nem Nossa Senhora Aparecida foi lembrada. Segundo os organizadores dessa peregrinação, o trajeto foi estudado e mapeado pelo engenheiro agrônomo saltense Sérgio Cieto, para proporcionar aos peregrinos oportunidade de meditação e devoção, que o desenvolveu tendo como objetivo a Capela de Santiago de Compostela, localizada no interior do Horto Florestal de Águas. A imagem – símbolo espiritual do roteiro - está sendo produzida na região da Galícia, na Espanha, e será entronizada no dia 25 de julho, dia dedicado ao santo. O primeiro grupo sairá de Santana do Parnaíba dia 15 de julho e durante aproximadamente dez dias percorrerá o roteiro até Águas de São Pedro. Carregando a imagem de Santiago de Compostela, esses peregrinos pretendem tornar o caminho uma versão paulista do famoso caminho espanhol. Como tudo é possível, esperamos que algum dia Sorocaba se inclua nesse roteiro. Oxalá que o Poder Público municipal, seus conselhos (de cultura, de turismo, de patrimônio histórico...) desperte da letargia e ofereça ao distrito de Aparecidinha a dignidade que ele merece e a oportunidade de se desenvolver e gerar renda (através da venda de produtos artesanais, de doces caseiros, da formação de guias turísticos e guias mirins, da venda de produtos com selos com a imagem de Nossa Senhora Aparecida...) para a esquecida população daquele distrito. E que o sol do caminho brilhe por lá também. CARLOS CARVALHO CAVALHEIRO 18.06.2002.

O sol que não nasce para Aparecidinha

Há tempos questiono o descaso com que é tratado o importante núcleo histórico de Aparecidinha. É inconcebível o fato de Sorocaba possuir um distrito com tanto potencial turístico e não explorá-lo em benefício da própria população local que sobrevive à míngua com a falta de atenção do poder público. Um Núcleo Histórico que em questão de pouco tempo só será lembrado graças à placa que assim o qualifica, logo à entrada do bairro. Um cenário pitoresco que melhor seria aproveitado se a política de revitalização e “plantação” de grama se estendesse até lá, de joelhos para pagar promessas de campanha. Antes disso, o distrito da Aparecidinha recebe em seus arredores indústrias, penitenciárias, unidades da Febem... Na contramão da evolução do pensamento humano que prioriza agora a preservação ambiental e do patrimônio histórico, o que se vê naquele local é o abandono. O turismo religioso e rural, tão em voga e com todas as atenções a eles voltadas, incluindo a política desenvolvida pela Secretaria Estadual de Esportes e Turismo, à qual aparentemente, por analogia partidária, deveria se conduzir a nível municipal as ações voltadas para o desenvolvimento turístico; não recebe a atenção devida. Tal é o disparate que em publicações dessa mesma Secretaria, como é o caso do folheto “Guia do Roteiro da Fé”, a cidade de Sorocaba é excluída. Simplesmente não existe. Enquanto outras se aproveitam de eventos religiosos como Folias de Reis, Procissões, Festas de santos e padroeiros, etc... Sorocaba não aparece como cidade e sim como cabeça da região. Cidades como Mairinque, Tietê, Taguai, Laranjal Paulista, Angatuba, Barra do Chapéu, Pilar do Sul, São Roque... apresentam as suas festas religiosas como “cardápio” turístico. Sorocaba não apresenta nada, muito embora possua Folia de Reis, Festeiros do Divino, a afamada Festa de São Benedito (que atrai Irmandades de muitas outras localidades, incluindo da Capital), a concorrida visita ao túmulo de João de Camargo e da menina Julieta durante o dia de Finados, Encenação da Paixão de Cristo na Vila Assis e no Parque Vitória Régia, Benção das Rosas na Festa de Santa Rita de Cássia (Vila Santana), e várias romarias para Aparecidinha. Uma delas, é bom frisar, ocorre todo primeiro domingo de cada mês e o grupo de romeiros que realiza esse percurso representou Sorocaba o ano passado[i] no evento “Revelando São Paulo”, ocorrido em setembro no Parque da Água Branca, na Capital. Então, não é por desconhecimento que Sorocaba não desenvolve o seu turismo religioso. É por descaso, desprezo. Outras romarias importantes e de grande afluxo de pessoas ocorre em Aparecidinha: a romaria da Penitência (todo dia 15 de novembro) e as duas principais, quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida deixa seu santuário e permanece na Catedral Metropolitana por alguns meses e o retorno dessa mesma imagem. Localizada no Vale do Médio Tietê, a cidade de Sorocaba deveria liderar o turismo regional, produzindo o marketing turístico, “vendendo” os produtos do Vale. O cururu, por exemplo, é uma manifestação folclórica típica desta região. A devoção ao Divino Espírito Santo, suas festas, irmandades, folias, Pousos... é outra característica marcante no Vale do Médio Tietê. Sorocaba tem potencial e infra-estrutura para oferecer serviços e produtos voltados para a implementação desse turismo regional. E mais, Sorocaba pode tornar o distrito de Aparecidinha um pólo atrativo ao turismo. Como? O cenário, como já disse aqui, está praticamente pronto. O que falta é vontade política aliada a parcerias da iniciativa privada. Um exemplo prático: recuperar as fachadas dos prédios históricos daquela localidade e incentivar, com isenção de impostos ou outra alternativa similar, a mudança da fachada das construções modernas assemelhando-as com as do estilo colonial. Nessas últimas casas haveria placa indicativa de que se trata de uma réplica e não de uma construção original. A par disso, explorar o espaço da praça para a realização de eventos artísticos e culturais, como exposições de quadros, artesanatos, apresentações musicais, danças... A fórmula que deu certo em Embu. Depois, ou melhor, concomitantemente, a cessão de terrenos para a iniciativa privada que se interessasse em estabelecer empreendimentos como pousadas, restaurantes, lanchonetes... lembrando que a construção desses prédios deveria seguir o modelo colonial. O resto é pavimentação de paralelepípedos de granito nas ruas e limpeza de resíduos e entulhos (nada além das obrigações do Poder Público). Para incrementar o turismo de Aparecidinha seria de bom alvitre a criação de um Festival de Folclore, como muito sabiamente tem sido criado e apoiado em várias cidades como Batatais, Altinópolis, Aguaí, Olímpia e na Capital paulista, sob a égide de Toninho Macedo, homem de capacidade e sensibilidades ímpares, o Revelando São Paulo. Diversos grupos folclóricos da região sorocabana se apresentam nesses festivais. Por que não iriam comparecer no de Sorocaba? A título de curiosidade, o Festival de Folclore de Olímpia recebe em média o equivalente ao triplo da sua população e o Encontro de Folias de Reis de Altinópolis o dobro. Criou-se agora, aproveitando a febre dos caminhos santos, como sabiamente, outrossim, vem se aproveitando o Estado do Espírito Santo com o caminho “Os passos de Anchieta”; aos moldes do caminho de Santiago de Compostela (na Espanha), o “Caminho do Sol”. Partindo de Santana do Parnaíba o peregrino passará por Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Itu, Salto, Indaiatuba, Elias Fausto, Capivari, Rafard, Mombuca, Saltinho e Piracicaba, até atingir Águas de São Pedro. Reparem que Sorocaba não se incluiu na rota. O distrito de Aparecidinha, com todo o seu apelo religioso, com o peso de ser o segundo templo dedicado a Nossa Senhora Aparecida, com o fato de lá se dirigirem milhares de romeiros anualmente; não será visitado pelos caminheiros do “Caminho do Sol”. Interessante é o fato de o lendário Peabiru, o caminho do Sol, passar, em uma de suas rotas principais, por Sorocaba e por, hoje, Araçoiaba da Serra. Nesse novo caminho, nem Nossa Senhora Aparecida foi lembrada. Segundo os organizadores dessa peregrinação, o trajeto foi estudado e mapeado pelo engenheiro agrônomo saltense Sérgio Cieto, para proporcionar aos peregrinos oportunidade de meditação e devoção, que o desenvolveu tendo como objetivo a Capela de Santiago de Compostela, localizada no interior do Horto Florestal de Águas. A imagem – símbolo espiritual do roteiro - está sendo produzida na região da Galícia, na Espanha, e será entronizada no dia 25 de julho, dia dedicado ao santo. O primeiro grupo sairá de Santana do Parnaíba dia 15 de julho e durante aproximadamente dez dias percorrerá o roteiro até Águas de São Pedro. Carregando a imagem de Santiago de Compostela, esses peregrinos pretendem tornar o caminho uma versão paulista do famoso caminho espanhol. Como tudo é possível, esperamos que algum dia Sorocaba se inclua nesse roteiro. Oxalá que o Poder Público municipal, seus conselhos (de cultura, de turismo, de patrimônio histórico...) desperte da letargia e ofereça ao distrito de Aparecidinha a dignidade que ele merece e a oportunidade de se desenvolver e gerar renda (através da venda de produtos artesanais, de doces caseiros, da formação de guias turísticos e guias mirins, da venda de produtos com selos com a imagem de Nossa Senhora Aparecida...) para a esquecida população daquele distrito. E que o sol do caminho brilhe por lá também. CARLOS CARVALHO CAVALHEIRO 18.06.2002.

terça-feira, 22 de março de 2011

VII CONCURSO DE POESIAS "LETRAS DO DIVINO", 2011

Recebi por e-mail e estou repassando aos interessados:
VII CONCURSO DE POESIAS

“LETRAS DO DIVINO” - 2011

REGULAMENTO

1. O VII Concurso de Poesias “LETRAS DO DIVINO”- 2011 é uma iniciativa da Associação Pró-Festa do Divino Espírito Santo de Itanhaém - APRODIVINO, com apoio da Academia Itanhaense de Letras – AIL, que tem como objetivo incentivar a produção literária sobre esse importante e tradicional acontecimento folclórico-religioso da cidade de Itanhaém-SP, que é a sua FESTA DO DIVINO ESPIRITO SANTO.



PARTICIPAÇÃO



2. Poderão participar do Concurso todos os interessados, moradores ou não da cidade de Itanhaém, com exceção dos membros da Academia Itanhaense de Letras e da Diretoria da Associação Pró-Festa do Divino Espírito Santo de Itanhaém.

3. O tema, desenvolvido em poesia, deverá estar ligado à FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO DE ITANHAÉM.

4. A participação será em uma só categoria e sem limites de idade.



INSCRIÇÕES


5. As inscrições são gratuitas e estarão abertas entre os dias 21 de março e 13 de maio de 2011. Os trabalhos deverão ser encaminhados para a Secretaria Paroquial, na Praça Carlos Botelho, 115 - Centro - Itanhaém – CEP 11.740-000 - Telefone (13)3422-4029 (13)3422-4029 em horário comercial, pessoalmente ou por correspondência, nesse caso valendo a data de postagem.

6. O ato de participar, com o envio ou entrega de poesias, pressupõe ciência e concordância com este regulamento.

7. Cada participante poderá inscrever até três poesias, que deverão estar datilografadas ou digitadas, numa só face de um papel ofício, em três vias.

8. As obras deverão ser identificadas apenas com um pseudônimo. Elas deverão ser acondicionadas em um envelope grande, tendo dentro desse, outro envelope menor e lacrado, contendo dentro dele os dados do participante como: nome, endereço residencial, nome da escola (se estudante), profissão, pseudônimo adotado e o título das obras, bem como um número telefônico para contato. Por fora dos dois envelopes, deverá estar apenas o pseudônimo.

JULGAMENTO

9. A Comissão Julgadora será composta por membros da Academia Itanhaense de Letras - AIL, que terá toda liberdade para julgar e escolher os melhores trabalhos inscritos no Concurso.

10. As decisões da Comissão Julgadora serão soberanas e irrecorríveis.

PREMIAÇÃO

11. O resultado será divulgado, em cerimônia de premiação, no dia 10 de junho de 2011, às 20h30, na Igreja Matriz de Sant’Anna (Praça Narciso de Andrade – Itanhaém).

12. Serão premiados, com medalhas, os três primeiros colocados.

13. Todos os concorrentes inscritos, antecipadamente, autorizam a publicação de suas obras na forma de mensagens, folhetos, cartões, jornais, livros, camisetas, etc.

14. Os casos omissos serão definidos pelos organizadores.

ITANHAÉM, março de 2011.