Quando os ímpios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões; mas os justos verão a queda deles. (Provérbios 29.16).
Nessa época de eleição, com as propagandas dos candidatos a todo o vapor, o último resquício de reflexão e senso crítico que, por ventura, ainda nos resta, toma fôlego e começamos a analisar a cena política brasileira.
Primeiro, saltam aos olhos as incongruências como as alianças espúrias que fazem - com o objetivo único de alcançar o poder - aqueles que se rotulam de "socialistas" com os rótulos gastos e rotos de latifundiários, coronelistas, apoiadores - no passado recente - da ditadura militar. Depois, nos vem o sentimento de impotência. Sem qualquer verniz de polidez ou de educação, os mesmos candidatos, com discursos ultrapassados e medíocres, entram em nossas casas e em nossas vidas de forma abrupta, enchendo as caixas de correspondências de nossas casas, sujando nossas ruas com "santinhos", jornais e panfletos; poluindo sonora e visualmente a cidade com as suas propagandas, interrompendo os poucos momento de lazer e descanso em nossos lares com programas de televisão e rádio. Isso é a democracia, dirão com exímia habilidade. Não, não é democracia. Isso é a ditadura travestida de democracia. Essa é a democracia burguesa, que interessa somente à burguesia. Caso estivéssemos vivendo numa democracia plena, o Estado esclareceria que o artigo 224 da Lei 4737 (Código Eleitoral) diz claramente que: "Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
§ 1º Se o Tribunal Regional na área de sua competência, deixar de cumprir o disposto neste artigo, o Procurador Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador Geral, que providenciará junto ao Tribunal Superior para que seja marcada imediatamente nova eleição.
§ 2º Ocorrendo qualquer dos casos previstos neste capítulo o Ministério Público promoverá, imediatamente a punição dos culpados".
Em vez disso, faz sempre propaganda pelo "voto consciente", ou seja, na escolha do melhor ou "menos pior" candidato. E o Estado - o próprio que criou o artigo acima - insiste na ideia de que votar em um dos candidatos é fazer política, é um ato de cidadania.
Política não se restringe à eleição. Política é ação. Ação daqueles que desejam realmente que o seu entorno se converta em algo novo e melhor do que se apresenta até então. É, como diria Paulo Freire, a intervenção no mundo (a favor ou contra as classes dominantes: a decisão cabe a cada um).
A política, como disse Bertold Brecht, deve-se diferir da política vigarista, pilantra, corrupta e lacaia.
O povo não precisa de alguém para lhe dizer o que é melhor; nem de mais promessas de ações inócuas, e, muito menos de discursos embolorados e de troca de acusações numa baixaria inferior apenas ao fato dos "Partidos" se acercarem de candidatos ridículos, que dizem não saber o que irão fazer se forem eleitos e que estão ali apenas para comprovar o quão carcomido é o sistema eleitoral deste país. Ou, em hipótese pior, que os tais "políticos" desprezam tanto o povo brasileiro que criaram a coragem de apresentar tamanha imundície de propaganda eleitoral (interessante, o nome propaganda sempre lembra venda de algum produto, não?). Por isso, os ímpios, aqueles que não se conduzem dentro dos parâmetros da República (conforme a etimologia, res= coisa; pública=do povo, de todos), mas ao contrário, agem sempre contra o bem comum e em favor do seu único e próprio benefício, esses se aproveitam de nossa inércia e continuam a controlar o país. Esses são os ímpios... mas a queda deles é certa!