Olhando os meus arquivos antigos do computador, encontrei algumas velhas poesias minhas. Gostaria de compartilhá-las com vocês:
Um Minuto
(14/06/2000)
A fome,
Silenciosa,
Matou
O artista
Em um minuto.
Um minuto de silêncio
Para o artista.
A fome,
Silenciosa,
Matou
A criança
Em um minuto.
Um minuto de silêncio
Para a criança.
A fome,
Silenciosa,
Matou
O idealista
Em um minuto.
Um minuto de silêncio
Para o idealista.
Poesia Engajada
(25/01/2001)
A minha poesia não alcança
Os ouvidos dos oprimidos
Nem sequer é degustada
Pelo paladar dos famintos
E nem por sonho ou fantasia
É sentida pelos excluídos
A minha poesia, então, morreu
E esqueceram de enterrá-la.
INSETO VOADOR
(28.11.1998)
O inseto voador
rodeia a lâmpada elétrica
que não retribuindo
tal idolatria, causa-lhe
a morte num simples
e terno ósculo:
Beijo de Judas.
Qual sedução carrega
em si a luz?
O inseto, redivivo Ícaro,
não resiste aos encantos
da magia de Edison.
Talvez o inseto
não reconheça a morte
disfarçada em vidro
e brilho resplandecente.
Acaso eu também não tenho
feito similar papel?
Não tenho caminhado para a laje
onde serei sacrificado
como o asteca conformado?
Não estarei enfeitiçado
por algum fulgor de chamas
que consumirão minha carne?
O canto da sereia
há de encantar àqueles
que jamais temem o desconhecido,
que aceitam o desafio.
A morte... novo nascimento.
Não se tem medo da morte
se não trauma do nascimento
quando perdemos nosso corpo
chamado então de placenta
e enxergamos a luz,
novamente a tentadora luz
para qual voamos,
não obstante o medo,
tal qual o inseto voador,
tal qual o lendário Ícaro.
Carlos Carvalho Cavalheiro
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
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