domingo, 14 de fevereiro de 2016

Memória curta

Pouca gente talvez se lembre que em 2004 realizou-se um movimento para redução do salário dos vereadores sorocabanos, o qual havia tido o aumento autorizado pelos mesmos em sessão  da Câmara Municipal. O fato causou polêmica e gerou mobilização da população.
Na época destacou-se a professora aposentada Celina de Campos Pimentel, então com 73 anos de idade, que se manifestou na imprensa local dizendo: "Que decepção! Que tristeza! Mas o povo não pode parar aqui: precisa buscar outros meios, descobrir uma fórmula de reverter a situação".
Celina ganhou notoriedade e destaque nacional ao iniciar uma campanha de coleta de assinaturas requerendo que a decisão que deu o aumento de salário aos vereadores – que na época havia passado a ser R$ 9 mil mensais – fosse revertida. Celina de Campos Pimentel tornou-se um símbolo da luta, destacando-se como mulher, como educadora e como um exemplo de vida ao lutar pelo que considerava justo aos 73 anos de idade. A campanha teve múltipla adesão, especialmente de representações da sociedade civil e de estudantes. O resultado foi a aprovação da redução do salário dos vereadores em 17 de junho de 2004.
Segundo o que publicou a imprensa na época, os vereadores que se posicionaram inicialmente contra o aumento dos próprios salários foram Antônio Rodrigues Filho, o "Mixirica" (PSDB), Arnô Pereira, Gabriel Bitencourt, Raul Marcelo e Tânia Bacelli (PT).
Essa é uma história que vai caindo no esquecimento. Por isso, com tristeza li o obituário de alguns dias atrás dando conta do falecimento de Celina de Campos Pimentel, sem que não houvesse, pelo que tenho visto, manifestação alguma para lembrar a importância que ela teve naquela mobilização popular de 2004. Infelizmente, temos memória curta... demais.
Para não ficar no esquecimento, insiro aqui os dados biográficos de Celina constantes no obituário: Nasceu em 15 de novembro de 1930 e faleceu em 28 de janeiro de 2016. Tinha sete filhos: João Carlos, Rubens, Lauro, Maria da Graça, Tomaz, Clovis e Valéria.


Carlos Carvalho Cavalheiro

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