segunda-feira, 14 de novembro de 2016

História, Geografia e Semana das Monções

Estamos dentro do período em que se comemora o aniversário da cidade: a Semana das Monções. Inevitável pensar em História e em Geografia nesse momento. Afinal, a saga monçoeira escolheu a cidade de Porto Feliz pelo favorecimento dos aspectos geográficos, como a existência de um “porto” natural e pela navegabilidade do rio Tietê a partir desse local. Além disso, as viagens fluviais até o interior do Brasil, sobretudo para Cuiabá, em busca do ouro é um episódio marcante da História local e regional que reflete na própria História do Brasil como um todo.
            A memória que se produz desse evento histórico é importante elemento na constituição da identidade de Porto Feliz. É um amálgama que une os diversos grupos sociais e étnicos dentro de um aspecto comum. Daí decorre a importância da História e da Geografia que vão alimentar e emprestar argumentos para a fundamentação dessa memória.
            O historiador francês Pierre Nora conceitua os “lugares de memória” como tudo aquilo que serve como transporte de uma reminiscência, desde que para isso haja vontade de transmissão dessa lembrança. É exatamente o que ocorre durante as comemorações da Semana das Monções. Não importa que seja o hasteamento da bandeira, o cantar do hino da cidade, o desfile cívico, a promoção de palestras e estudos ou a encenação teatral... Tudo isso se converte em lugar de memória porquanto existe uma intencionalidade, ou seja, um objetivo que é o de criar uma identidade portofelicense.
            Sendo, portanto, a História e a Geografia, como disciplinas – inclusive no âmbito escolar – importantes em qualquer contexto, mas, sobretudo numa cidade como Porto Feliz, parece ser discrepante o fato de que nessa mesma cidade, dentro do currículo da rede municipal, a jornada seja de apenas duas aulas por semana, quando em todas as outras realidades (como nas escolas estaduais), o número de aulas dessas matérias é superior a isso.
            A primeira justificativa que pode aparecer é a de que na rede estadual a carga horária é maior que a da rede municipal. Enquanto no Estado a carga é de 30 horas semanais, no município é de 25. Portanto, a cada dia da semana há no município uma aula a menos que no Estado.
            No entanto, ainda assim, pela regulamentação da Resolução SE nº 81 de 16 de dezembro de 2011, que estabelece as diretrizes para organização curricular nas escolas estaduais, quando se verifica o Anexo II da referida resolução, percebe-se que na distribuição curricular das disciplinas existe o respeito a uma porcentagem de cada uma na totalidade da formação do educando.
            Dividindo-se, portanto, as aulas de Língua Portuguesa e Matemática, por exemplo, que são 6 por semana cada, pelo número de aulas semanais, obtêm-se a porcentagem de 20% (30 aulas semanais divididas por 6). Ciências Naturais, História e Geografia deveriam representar 13,3 % e Arte, Educação Física e Língua Inglesa, 6,6%. Isso na rede estadual, com carga semanal de 30 aulas.
            Com a carga de 25 aulas, como ocorre na rede municipal, respeitando-se essa mesma proporcionalidade, as aulas de Língua Portuguesa e Matemática deveriam ser 5 por semana; Ciências Naturais, História e Geografia deveriam ter 3 aulas por semana e Arte, Educação Física e Língua Inglesa, 2 aulas por semana.
            Ocorre que, a despeito disso, as aulas de História e Geografia na rede municipal são apenas 2 por semana. Mesmo contra toda a lógica, mesmo com a importância que ambas as disciplinas têm na formação do educando, e, acima de tudo, pelo significado que ambas possuem na formação da identidade e da cidadania portofelicense. Quem souber a resposta que nos conte.


Carlos Carvalho Cavalheiro

10.10.2016

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