Estamos
dentro do período em que se comemora o aniversário da cidade: a Semana das
Monções. Inevitável pensar em História e em Geografia nesse momento. Afinal, a
saga monçoeira escolheu a cidade de Porto Feliz pelo favorecimento dos aspectos
geográficos, como a existência de um “porto” natural e pela navegabilidade do
rio Tietê a partir desse local. Além disso, as viagens fluviais até o interior
do Brasil, sobretudo para Cuiabá, em busca do ouro é um episódio marcante da
História local e regional que reflete na própria História do Brasil como um
todo.
A memória que se produz desse evento
histórico é importante elemento na constituição da identidade de Porto Feliz. É
um amálgama que une os diversos grupos sociais e étnicos dentro de um aspecto
comum. Daí decorre a importância da História e da Geografia que vão alimentar e
emprestar argumentos para a fundamentação dessa memória.
O historiador francês Pierre Nora
conceitua os “lugares de memória” como tudo aquilo que serve como transporte de
uma reminiscência, desde que para isso haja vontade de transmissão dessa
lembrança. É exatamente o que ocorre durante as comemorações da Semana das
Monções. Não importa que seja o hasteamento da bandeira, o cantar do hino da
cidade, o desfile cívico, a promoção de palestras e estudos ou a encenação teatral...
Tudo isso se converte em lugar de memória porquanto existe uma
intencionalidade, ou seja, um objetivo que é o de criar uma identidade
portofelicense.
Sendo, portanto, a História e a
Geografia, como disciplinas – inclusive no âmbito escolar – importantes em
qualquer contexto, mas, sobretudo numa cidade como Porto Feliz, parece ser
discrepante o fato de que nessa mesma cidade, dentro do currículo da rede
municipal, a jornada seja de apenas duas aulas por semana, quando em todas as
outras realidades (como nas escolas estaduais), o número de aulas dessas
matérias é superior a isso.
A primeira justificativa que pode
aparecer é a de que na rede estadual a carga horária é maior que a da rede
municipal. Enquanto no Estado a carga é de 30 horas semanais, no município é de
25. Portanto, a cada dia da semana há no município uma aula a menos que no
Estado.
No entanto, ainda assim, pela
regulamentação da Resolução SE nº 81 de 16 de dezembro de 2011, que estabelece
as diretrizes para organização curricular nas escolas estaduais, quando se
verifica o Anexo II da referida resolução, percebe-se que na distribuição
curricular das disciplinas existe o respeito a uma porcentagem de cada uma na totalidade
da formação do educando.
Dividindo-se, portanto, as aulas de
Língua Portuguesa e Matemática, por exemplo, que são 6 por semana cada, pelo
número de aulas semanais, obtêm-se a porcentagem de 20% (30 aulas semanais
divididas por 6). Ciências Naturais, História e Geografia deveriam representar
13,3 % e Arte, Educação Física e Língua Inglesa, 6,6%. Isso na rede estadual,
com carga semanal de 30 aulas.
Com a carga de 25 aulas, como ocorre
na rede municipal, respeitando-se essa mesma proporcionalidade, as aulas de
Língua Portuguesa e Matemática deveriam ser 5 por semana; Ciências Naturais,
História e Geografia deveriam ter 3 aulas por semana e Arte, Educação Física e
Língua Inglesa, 2 aulas por semana.
Ocorre que, a despeito disso, as
aulas de História e Geografia na rede municipal são apenas 2 por semana. Mesmo
contra toda a lógica, mesmo com a importância que ambas as disciplinas têm na
formação do educando, e, acima de tudo, pelo significado que ambas possuem na
formação da identidade e da cidadania portofelicense. Quem souber a resposta
que nos conte.
Carlos
Carvalho Cavalheiro
10.10.2016
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