Das vantagens de se participar de um
Festival nacional, a maior delas deve ser a oportunidade de contato com pessoas
de várias regiões do Brasil. Não é segredo que participei no mês de novembro do
FEMUP, Festival de Música, Poesia e Conto de Paranavaí, cidade do interior do
Paraná. O fato já foi alvo de nota nesta Tribuna das Monções.
Obviamente que a premiação é
importante enquanto materialização do reconhecimento do trabalho intelectual
que realizamos. Disputar um lugar entre centenas de inscritos é uma forma –
talvez não a melhor, mas mesmo assim uma forma – de avaliar como o seu trabalho
é visto e reconhecido por outros. Mas a sensação de troca que se estabelece na
amizade decorrente da convivência naqueles dias de Festival é imensurável.
Conheci muita gente, pessoas de todos os cantos do Brasil. Conheci pessoas como
o musicopoeta Ronildo Prudente, de Três Corações (MG); o cordelista Felipe
Junior, de Pernambuco (e que anda por aqui, bem perto de nós, em Boituva, por
esses dias); o poeta e músico Alfred’ Moraes, de Belém do Pará; o poeta e
escritor (e também professor de História) William Santos, de Goiânia; o
escritor Lauro Elme, de Praia Grande (litoral paulista); o poeta e professor de
Filosofia Rodrigo Petit (de Sorocaba); os escritores Renato Benvindo Frata e
José Aparecido Cauneto, bem como o ator José Valdir e a diretora de teatro Rosi
Sanga, todos estes de Paranavaí, no Paraná; os músicos Robertho Azis e Ronald
Saar cariocas radicados na cidade de Entre Rios, Minas Gerais; o músico Edu
Asaf, de Sobral, no Ceará, e a cantora e compositora Ana Paula Cavalcante, que
nasceu no Rio de Janeiro, mas vive atualmente em Palmas, no Tocantins.
Conheci muito mais pessoas e a lista
seria muito maior do que o espaço que disponho nesta coluna. Mas queria chamar
a atenção para o trabalho de Ana Paula Cavalcante, que assina profissionalmente
como Anapaula. Quero falar especialmente de um de seus trabalhos, o CD
“Encantaria”, dedicado a músicas ciganas. Com exceção da primeira faixa, todas
as demais são de sua autoria, o que revela o talento de compositora e, ousaria
dizer, de poeta. O que dizer de versos
como estes: “Indivíduo é produto da história / Esses tempos que apagam memórias
/ Pra confiar somente em si próprio / Pra ser pecado envelhecer” ? Ou, então, estes: “Nós somos o que somos /
Somos pequeninos / Somos tão grandes / Se juntos semeamos sonhos” ? São versos
permeados de poesia, sem dúvida alguma. Se não fossem musicados, dariam, ainda
assim, belos e bem construídos poemas, com imagens e metáforas ricas e
mensagens verdadeiras.
Resolvi falar desse trabalho
porquanto estou aqui e agora, numa manhã de domingo, podendo apreciar com
cuidado esse trabalho. Por falta de tempo e outros percalços, não pude apreciar
antes o CD “Encantaria”, tão gentilmente ofertado pela sua autora.
Anapaula não é uma artista de uma só
vertente musical. Possui trabalhos gravados em diversos ritmos, como a MPB, e
defendeu no FEMUP um samba. Esse trabalho eclético, talvez, ainda não tenha
imprimido uma marca única na artista. Por outro lado, demonstra a versatilidade
dela, que não se acovarda diante dos desafios de mostrar aquilo que lhe apraz
como produção artística. Não tem rótulos e não precisa deles. É assim, simples
e direta, como deve ser, e incisiva na direção em que a sua inspiração aponta.
Enfim, uma artista em todos os sentidos.
Carlos
Carvalho Cavalheiro
06.12.2015
Muito bom o texto!!!
ResponderExcluirAgradeço!!
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