segunda-feira, 20 de julho de 2015

O transporte público na Região Metropolitana de Sorocaba


            A Região Metropolitana de Sorocaba, que engloba 26 municípios, foi criada em 9 de maio de 2014. Passado um ano da sua criação, essa unidade regional do Estado de São Paulo tem à sua frente inúmeros desafios, principalmente se levar em consideração que muito pouco caminhou até aqui. O que de fato mudou nas cidades que compõem a RMS, como é o caso de Porto Feliz? Quais os benefícios – pois, espera-se que tal criação tenha objetivado a melhoria da administração das cidades – que os municípios da RMS tiveram desde então?
            Há quem duvide mesmo que se possa caracterizar esse aglomerado de municípios como uma Região Metropolitana. Um dos indicadores disso seria o transporte intermunicipal, que sempre foi precário, e tem uma característica curiosa para uma região metropolitana: é muito mais fácil e cômodo deslocar-se de Sorocaba para a capital do que para qualquer uma das cidades de seu entorno.
            O Editorial do jornal “Cruzeiro do Sul”, de 2 de junho de 2015, comentou, sob o título “Transporte Metropolitano”, os problemas do transporte intermunicipal da RMS, apontando, no entanto, o que parece ser uma fraca luz no fim do túnel: o início dos trabalhos da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP) no transporte coletivo intermunicipal, trabalho antes realizado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP). Segundo o jornal, “A autarquia começou a redesenhar a rede de linhas e itinerários de ônibus que atende a 26 municípios”.
            A alvíssara é que se pode ter ainda esperança de uma melhora nesse tipo de serviço, tão importante para o cidadão, e, sobretudo, para o próprio funcionamento eficaz da Região Metropolitana. Há alguns anos uma professora que reside em Sorocaba e trabalhava em Porto Feliz, necessitava sair de sua casa às 5 horas da manhã para chegar às 7 horas na escola em que lecionava! Se acaso perdesse o ônibus naquele horário, perdia também o dia de trabalho: o próximo coletivo passava duas horas depois. Enquanto isso, num espaço de 15 em 15 minutos, uma empresa de ônibus oferece transporte de Sorocaba para São Paulo.  Ou seja, se a professora trabalhasse em São Paulo, distante mais de 90 km de Sorocaba, não teria problemas em chegar ao seu destino sem atrasos. Mas como trabalhava em Porto Feliz, distante 25 km de Sorocaba, era obrigada a sair de sua casa duas horas antes do início do expediente da escola em que trabalhava.
            A esperança é que sob a tutela da EMTU/SP o transporte público intermunicipal melhore como explicitou o “Cruzeiro do Sul”, não só em novos itinerários, mas, também, na estrutura dos pontos de ônibus (especialmente os pontos finais), a questão de tarifas, fiscalização, vistoria, e a “implantação de um novo padrão visual metropolitano, para que os usuários identifiquem com mais facilidade as linhas”.
            Enquanto isso se espera, por outro lado, que o transporte público municipal também melhore. Em visita à comunidade do entorno da antiga Estação Jupira, em trabalho para o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental, depararam-se os conselheiros com a triste realidade de abandono da população do local que vive sem assistência médica nas proximidades, sem escola (a que existia foi fechada, segundo se apurou, o ano passado) e convivendo com o isolamento, pois um dos maiores problemas é a escassez de transporte público. Problemas como esses somente depõem contra a existência de uma Região Metropolitana. A não ser que se tenha em vista ser a periferia de tal Região.


Carlos Carvalho Cavalheiro
02.06.2015


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